Elizana & Lídio, nossos artistas vão a Portugal
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de maio de 1987
Antes de revelar o nome da criança que representará o Brasil na IX Gala de Pequenos Cantores, em Figueira da Foz, Portugal, dentro de algumas semanas, o apresentador da IV Gala, em nível nacional, desta promoção internacional, leu para o público presente no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, uma concentrada declaração do júri, externando a preocupação pela crise da produção musical infantil no Brasil. Realmente, com uma comercialização cada vez maior da chamada indústria cultural destinada à infância, a música sofre reflexos e a prova disto foi o que se observou nas concorrentes, a representarem o Brasil numa promoção de abragência mundial, como é o festival competitivo que desde o final dos anos 70 realiza-se em Portugal.
Graças ao idealismo e entusiasmo de uma jovem e bela médica, Marilia Bernardes, há 12 anos radicada em Curitiba, mas nascida em Angola, é que o Brasil passou a ter uma participação neste festival de pequenos cantores, com o representante escolhido em Curitiba. Nos dois últimos anos, graças ao talento e espontaineidade dos representantes de nosso país, a garota Patrícia Ferreira e o encantador Thiago Luz, foram classificados em destaque, apesar da concorrência de dezenas de outros minitalentos de vários países. Este ano, o Brasil ali estará representado pela menina Elizana Gazda, 10 anos, interpretando uma bonita composição de Lydio Roberto ("Sonho Sem Fim"), que também ganhou uma passagem para ir a Portugal.
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Infelizmente, por falta de uma estrutura nacional, a Gala Nacional de Pequenos Cantores ainda não alcançou a dimensão que justifica a promoção. Numa atitude corajosa e independente, Marilia Bernardes tem resistido a propostas de redes de televisões interessadas em encamparem a promoção, mas com isto transferindo o eixo de realização para o Rio ou São Paulo, e substituindo a espontaneidade e sinceridade com que é promovida desde 1984 por inflexíveis regras de marketing. E justamente dar às crianças a oportunidade de mostrarem seu talento, com músicas inéditas é que faz deste evento o seu maior significado cultural.
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Foram onze as concorrentes, infelizmente não podendo participar, por razões de força maior (doença, por exemplo), candidatas que também teriam grande possibilidade. Crianças de quatro a dez anos, com toda a ingenuidade e ternura características da idade, transmitindo emoção ao público que ocupou pelo menos metade do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto e ao júri, formado pela pianista e professora Suzy Queiroz, maestro Manoel Martinez (há dois meses em Curitiba, estruturando o coro da Fundação Teatro Guaíra); o radialista e crítico Zuza Homem de Mello, da Jovem Pam, de São Paulo; o professor Carlos Alberto Pereira de Campos Cardoso, diretor do INETEL, de Lisboa e este colunista.
Desde a interpretação de composições de autores que vem desenvolvendo um trabalho profissional - como o premiado Lydio Roberto , já com um bom elepê gravado há dois anos (e que teve duas músicas inscritas, a laureada "Sonho Sem Fim" e "Doce Canção"), até ingênuas composições, criadas pelos próprios pais dos concorrentes, como a ingênua "Coraçãozinho", de Marco Antônio e Maria Marilda Guiraud, para o simpático garotinho Ébano Ricardo, 5 anos - loiro e encantador, a presença mais suave - desfilaram por esta promoção no mínimo simpática. Assim, a Criar - Associação Promotora de Atividades Artísticas, entidade idealizada por Marilia Bernardes, para coordenar o evento - que teve o patrocínio do Boticário e Bamerindus, e ajuda estrutural da Secretaria Municipal de Turismo - se preocupou em retirar o caráter apenas competitivo, que é desaconselhável em concursos envolvendo crianças. No final, o apresentador fez questão de salientar que Elizana Gazda estará representando, em Figueira da Foz, todas as crianças que sabem amar a música - e participantes receberam um brinde (uma radiola portátil), enquanto aos autores das músicas coube uma placa de reconhecimento pela colaboração neste festival.
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