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Aramis

Em Cuba, uma escola para quem sonha em fazer cinema e vídeo

Vitória - Qual o jovem que sonha em ser um cineasta consagrado que não gostaria de poder estudar numa escola de cinema e televisão em outro país? Nos anos 50/60, era o IDECH, em Paris, que atraia jovens impregnados pela fama do cinema francês, especialmente da "nouvele vague". Os cursos de cinema que universidades americanas mantém regularmente são "impossible dreams" frente ao que representam em custos a não ser para quem tenha pais bilionários. Assim, não é sem razão que a "Escuela Internacional de Cine y TV", em Santo Antônio de Los Banos, à 30 km de Havana, funcionando há seis anos, seja uma das raras opções possíveis para quem nasceu no Terceiro Mundo e tem sonhos de trabalhar com o mundo das imagens. Mantida pela Fundação do Novo Cine Latino-Americano, que tem o escritor (e ex-crítico de cinema) Gabriel Garcia Marquez como presidente, esta escola vem formando turmas de 25 alunos não só na direção mas também em categorias técnicas. Em Salvador, de 19 a 26 de setembro último, durante a XIX Jornada Internacional de Cinema e Televisão, foi possível se ver na tela o que os primeiros brasileiros que ali estudaram já realizaram em termos práticos, numa breve mostra que contou com a presença da professora Marília da Silva Franco, da Escola de Comunicação e Artes - USP, e que, entre 1990/91 foi a diretora docente daquela Escola. O cineasta Orlando Senna ("Iracema, uma Transa Amazônica", "Os Muckers") é o diretor da escola, onde substitui ao argentino Fernando Birre e muitos brasileiros, em temporada mais ou menos longas, participaram tanto dos cursos regulares como das oficinas e seminários que são realizados. Entre outros, ali estiveram os dramaturgos Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri; cineastas Eduardo Escoral, Maurício Capovilla, Manfredo Caldas e César Challoni (que permaneceu quase 4 anos), José Medeiros (1921-1990) - que ficou dois anos, retornando ao Brasil pouco antes de falecer, em julho do ano passado, entre outros. xxx A primeira turma da Escuela Internacional de Cine y TV abriu espaços para bolsistas selecionados na região Norte/Nordeste, o que privilegiou uma dezena de jovens candidatos. Posteriormente, os concursos passaram a ter abrangência nacional, e hoje o número de vagas destinadas ao Brasil foi reduzido - pelas próprias dificuldades enfrentadas por Cuba em termos econômicos. - "Apesar disto, continuaremos a enviar alguns jovens para estudarem em Cuba, desde que consigam aprovação nos rigorosos testes de seleção que fazem em várias etapas", explica Cosme Alves Neto, conservador da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o "embaixador cultural" de Cuba no Brasil, aqui presidindo a comissão de seleção. Em 1992, deverá haver novo concurso em escala nacional, para o qual a disputa será grande, "para que sejam escolhidos os mais preparados". Oficina de Roteiro - Enquanto não são abertas inscrições para os candidatos brasileiros a novas turmas dos cursos regulares, a EICTV, através de sua ex-diretora didática Marília Franco, está divulgando entre os interessados - como as videastas (e cineastas) que se encontraram neste FESTVI, a "convocatória para oficina experimental para escritura de roteiro cinematográfico". A oficina será realizada de 20 de janeiro a 7 de fevereiro de 1992, com coordenação de Alfredo Oroz, reconhecido como um dos mais competentes profissionais da escrita para o cinema em nosso país, premiado pelos seus trabalhos em filmes como "A Hora da Estrela" (Brasília/86 e Festival de Havana/87), "O Grande Mentecapto", "Tropclip" e os curtas "Com o Andar de Robert Taylor" e "Purer Juico". Argentino, mas radicado há muitos anos no Brasil, marido da pesquisadora Silvia Oroz - que coordena ao lado de Valêncio Xavier o evento "Cineamericanicidad", em Curitiba - Fernando Oroz, formado em cinematografia pela Universidade de La Plata, e hoje professor da cadeira de roteiro na Universidade Católica do Rio de Janeiro, vai desenvolver um projeto prático com escritores interessados na escritura de roteiro e profissionais do cinema, vídeo e televisão, com algumas experiências, além de estudantes avançados de Escolas de cinema e TV ou de faculdades de comunicação social. A professora Marília informa que "os interessados devem enviar por telegrama ou telex os dados principais de seu curriculum profissional ou acadêmico, endereço, telefone, data de nascimento, número de documentação, etc., para a Escuela Internacional de Cine y TV, até o dia 10 de janeiro de 1992. A EICTV selecionará os candidatos que, com o pagamento de uma taxa de inscrição de US$ 300 terão direito ao curso, uso de equipamentos, alimentação e alojamento entre 18 de janeiro a 9 de fevereiro. O endereço para eventuais interessados: Apartado Aéreo 40/41, San Antônio de Los Banos, Província Habana, Cuba - Telex 57195 EICTV - telefone 3152 (não tem DDI, chamada via telefonista internacional).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
22/11/1991

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