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Aramis

As histórias de guerra que Helena Salem viveu

Dentro do jornalismo cultural, Helena Salem é uma das profissionais de maior destaque. Dedicando-se a área cinematográfica, não se limitou ao exercício crítico e a cobertura de festivais nacionais e no Exterior, mergulhando em projetos maiores - como um magnífico livro sobre Nelson Pereira dos Santos e um trabalho de pesquisa para a série de TV sobre o Cinema Nacional, dirigida por Walter Salles Jr., para a Rede Manchete e que resultou num belíssimo livro. Atualmente editando o suplemento "Ecologia" ("Jornal do Brasil", às segundas-feiras), Helena é repórter de quilometragem internacional - por sua vivência em vários países. E isto se reflete em seu novo livro, "Entre Árabes e Judeus - Uma Reportagem de Vida" (Brasiliense, 120 páginas), na qual inicia fazendo uma pergunta: - "O que significa ser uma menina judia, de nome árabe, vivendo em um país católico, freqüentando escola protestante? O que significa ser uma jornalista brasileira, de origem judaica, cobrindo uma guerra árabe-israelense, nos países árabes e composições solidárias aos palestinos?". Em outubro de 1972, a Guerra do "Youn Kipur" - ou do "Ramadan" - detonou uma situação limite na vida de Helena Salem. Estava na Europa e coincidentemente havia viajado aos países árabes quando o conflito iniciou. Jornalista, antes de tudo, enfrentou uma barra pesadíssima - falta de dólares, comunicações precaríssimas - mas cobriu o conflito para o "JB", fazendo um trabalho comparável ao que colegas americanos e europeus, com muito maiores recursos, realizavam. Passados quase 20 anos do conflito, Helena amadureceu suas reflexões: que guerra é essa, entre árabes e judeus? Por que brigam tanto, se são tão parecidos? Assim, numa obra de toques autobiográficos, Helena, com seu texto delicioso e sinceridade total busca, com paixão, franqueza e objetividade juntar "a garotinha que se sentia judia e diferente no colégio, com a adolescente que jurou nunca se casar na sinagoga e a correspondente de guerra que assumiu uma suposta origem árabe para circular livremente pelo Egito, Síria e as montanhas do Líbano". O resultado é um libelo contra todas as formas de conformismo, opressão, intolerância e hipocrisia. Depois de já ter publicado "O que É a Questão Palestina" (Brasiliense, 82) e os dois livros sobre cinema ("NPS, o Sonho Possível do Cinema Brasileiro", Nova Fronteira, 87 e "90 Anos de Cinema, uma Aventura Brasileira", Metalvídeo / Nova Fronteira, 88), Helena volta ao lado internacional. Explica: - "Durante anos escrevi sobre a guerra no Oriente Médio enfocando a política, a economia, as armas. Agora, decidi mudar a câmara de lugar. É a menininha, a adolescente, jornalista, judia, árabe, mulher, quem fala. Uma outra história e a mesma História".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
09/11/1991

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