Inesperadamente, uma estréia que demorou
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de maio de 1980
Inesperadamente, estréia hoje, no Condor, um dos mais aguardados filmes pelos fãs do bom cinema: << Zabriskie Point >>, que Michelangelo Antonioni realizou há 11 anos, nos estados Unidos. Depois de uma série dos mais introspectivos (e importantes( filmes, especialmente a triologia << A Aventura >> (1959), << A Noite >> (1960) e << O Eclipse >> (1961), com a então sua musa e esposa, Mônica Vitti, e depois da primeira experiência na utilização da cor em sua obra (<< O Dilema de Uma Vida/II Deserto Rosso >>, 63) e de uma visão delirante da << swinging London >>, a partir de um conto de Cortazar (<< Depois daquele Beijo.../Blow Up >>, 67), com David Hemmings e Vannessa Redgrave, Antonioni aceitaria a proposta de fazer um filme nos EUA. Era o ano de 1969 e as constelações estudantis - especialmente Berkeley - o inspiraram no roteiro de << Zabriskie Point >>, com apenas um nome famoso no elenco -Rod Taylor. Com música de Pink Floyd (lançada em lp que há 10 anos permanece em catálogo nos EUA e que talvez agora saia no Brasil), << Zabriskie Point >> foi proibido na época no Brasil. E embora se falasse muito a seu respeito, de todas as fitas agora liberadas talvez seja a que menos escândalos provocou - embora abrigue a múltiplas reflexões. A experiência americana de << Zabriskie Point >>, entretanto, não satisfez a Antonioni, que preferiu outros países para continuar sua obra, que incluiria, 5 anos depois, o documentário << China >> - também até hoje inédito (e possivelmente assim continuará) entre nós. Depois, em 75, veio << O Passageiro >> (Profissão: Repórter), com Jack Nicholson e Mary Schneider. << Zabriskie Point >>, sem dúvida, é a estréia mais importante nesta semana.
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