Ligadão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de outubro de 1980
NA noite de 7 de março último, quando Turibio Santos completava seus 37 anos. João Bosco e Paulinho da Viola foram levar ao virtuose do violão o seu abraço musical. E naquela noite, João mostrava pela primeira vez uma composição recém-concluida com Aldir Blanc: "Profissionalismo é Isso Aí". Uma letra genial, cheia de ironia e malandragem, que, com toda razão Tarik de4 Souza, lembrava no último sábado, no painel sobre o humor na MPB, como mais representativa. E que só ela já vale a aquisição do ultimo disco de Bosco ("Bandalhismo", RCA, outubro/80), como sempre um trabalho dos mais esmerados.
João Bosco é hoje, aos 34 anos, um compositor que se colocou de uma maneira muito própria dentro da MPB. Mineiro da Ponte Nova, com todas as influencias desenvolveu sua própria linguagem, sem "Ismos" capazes de bloquear um livre criar musical. Assim, de disco para disco, de canção para canção, Bosco esta mais adiante em termos de concepção harmônica, em entrosamentos mais do que perfeitos com seus letristas - apesar de dois rompimentos ( o segundo, consta, definitivo) com Aldir Blanc . Há humor, ternura, alegria, ironia, paixão nas musicas de Bosco e Blanc, que não se limitando a um trabalho extraordinariamente brasileiro e artesanal, recebem ainda a presença de excelentes instrumentistas mesmo vozes de amigos como de Sérgio Ricardo - em "Anjo Torto" ou Paulinho da Viola, no emocionante "Bandalhismo" .
Não há um único momento em "Bandalhismo" que não se admire a Bosco ( Blanc e também Paulo Emílio) por suas colocações musicais, sua arte, sua bossa, suas gingas. E ouvindo-se o disco, só se espera que o bom João venha logo, ao vivo trazer todo o seu talento, para aplausos de tantos que o admiram e respeitam.
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