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Aramis

Marketing para refazer templo

Unir a filosofia ao marketing, e na prática, fazer com que o Neo-Pitagorismo ganhe uma dimensão ainda maior. Eis, em síntese, a preocupação que João Paulo de Oliveira Mello, 40 anos, curitibano com múltiplas experiências empresariais, vem tendo há duas semanas, desde que soube do incêncio do Templo das Musas, na Vila Isabel. Maçom e Neo-Pitagórico, considerando-se "um humilde discípulo do mestre Rosale Garzuze", João Paulo inflama-se quando começa a analisar a questão da reconstrução do Tempo das Musas. Entusiasma-se tanto que adquire ares de pregador espiritualista, mas sem nunca deixar de ter a visão prática que o fez, há 21 anos passados, trocar os prazeres de uma juventude financeiramente tranqüila pelos riscos de implantar em Curitiba a primeira rede de lanchonetes de cachorro-quente - a "Tipiti", que chegou a possuir 33 lojas, 77 carros, três vagões e até um circo. Esta precoce visão empresarial - que o levaria também a outras experiências audaciosas, como a implantação do Vale dos Orixás, há 75 km de São Paulo, para comunidades espiritualistas e, há pouco mais de dois anos, retornando a Curitiba, tentar fazer uma nova rede de cachorro-quentes, o "Juriti do Bico Amarelo" (que não teve o mesmo deslanche do "Tipiti", pois em duas décadas muita coisa mudou na cidade), fazem com que João Paulo de Oliveira Mello acredite que, desde que a Secretaria da Cultura reconheça o direito do Instituto Neo-Pitagórico em buscar seus próprios recursos - via Lei Sarney - será possível levantar "milhões e milhões de cruzados, já que o Instituto existe em todo o mundo e a campanha poderá ter uma grande repercussão". Dividindo sua residência entre Curitiba e Brasília - onde fundou e dirige a Empresa Brasileira de Fomento aos Municípios, coordenando o PRONAMAI - Programa Nacional da Micro-Agro-Indústria e Silos, que busca recursos para financiar projetos orçados em quase Cz$ 1,5 milhão em vários Estados - João Paulo afirma que pode se trazer aos milenares ensinamentos dos discípulos do grego Pitágoras - e ao quase centenário do Tempo das Musas - uma visão realista "de novos tempos, em que seja possível unir filosofia com sensibilidade administrativa". Admitindo ser "um eclético, homem da luz e estar sempre aceso para todas as iniciativas", João Paulo viu sinais espiritualistas nas chamas que destruíram fisicamente o Tempo das Musas. "Foi uma destruição simbólica, indicativa de que o Instituto deve renascer e se preparar para suas grandes missões no 3º Milênio que se aproxima". Com um entusiasmo brilhante, verborragia fácil em suas argumentações, João Paulo Oliveira Mello já está fazendo múltiplos contatos, inclusive a nível nacional, para que o Tempo das Musas restaure os tempos de ouro do Neo-Pitagorismo de Dario Vellozo. Embora alguns o apontem como herdeiro do velho Garzuze, nega tal pretensão, com humildade: - "Que nada! Sou apenas um operário, no máximo um dedicado mestre-de-obras para que a grande obra que Garzuze e os idosos que ainda restam do Neo-Pitagorismo possam fazer esta filosofia sobreviver nestes dias de capitalismo selvagem e desumano". LEGENDA FOTO - Templo das Musas: planos de marketing para sua reconstrução.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
06/09/1987

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