Minas realiza também o Festival dos Festivais
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de março de 1986
Os festivais multiplicaram-se tanto em Minas Gerais onde em 1984 passaram de 60, raros porém os que tiveram registros em discos - que a Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo, com patrocínio da Turminas, realizou um "Festival dos Festivais" - ou seja, uma mostra competitiva com participantes de 55 municípios (65 músicas inscritas), e das quais foram selecionadas as oito melhores - que mereceram a gravação de um lp produzido pela Bemol (atuante etiqueta mineira) e que teve 70% de sua tiragem distribuída pela Turminas - Rádio Inconfidência - Rede Globo Minas, que apoiaram a promoção.
Agora, será realizada a 2ª edição do Melhor dos Festivais de Minas, entre os dias 18 a 20 de abril, no Parque da Cachoeira, em Congonhas. As inscrições encerraram-se no dia 7 de março e há 10 dias foram divulgadas as músicas classificadas, que estarão disputando 35 mil cruzados em prêmios e mais a inclusão no lp que já será gravado entre os dias 27 e 30 de abril, aos estúdios da Bemol, em Belo Horizonte - para que o LP seja distribuído ainda neste semestre.
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Ouvindo-se o lp do "Melhor dos Festivais de Minas - Ano I", percebe-se a qualidade da nova geração de compositores e intérpretes dos mineiros.
São grupos, músicos e intérpretes jovens que trazem criações das mais vigorosas, com belas imagens como "Pintura" de Arlindo Maciel (vencedor do Festival de Bom Despacho), falando de temas regionais como Eros Januzzi e José Emílio Guedes, de Nanuque, fizeram em "Estrada de Ferro Bahia-Minas", a semana homenagem de Robertinho Brant ao seu irmão Fernando, em "Coisa Simples", ou um canto de raízes agrestes de Tonho Resende, vencedor originalmente do festival de Barroso - que lembra o melhor estilo de Elomar Figueira de Mello: "Sete Cantigas para Chorar". Há canções de amor como "Luci" (Toninho Lêdo) e "Destróir" (Maurílio Rocha), que estiveram nos festivais de Ubá, Alvinópolis e São Lourenço, a sintética "Amanhecer", de Marcus Bolivar ou o afinado grupo Pharmácia interpretando "Água do Cantil".
Pena que tantas músicas sinceras e harmoniosas passem sem divulgação, mesmo com um lp bem produzido. Se alguém quiser tentar obter um exemplar pode escrever para a Turminas - Empresa Mineira de Turismo - Rua Espírito Santo 1892, Bairro Lourdes, Caixa Postal 906 - CEP 30.000 - Belo Horizonte. Afinal, em Minas Gerais, a empresa de turismo não é um órgão mastadôntico, incompetente e inútil como a nossa triste o obsoleta Paranatur - que nada faz, nada cria e só atrapalha o turismo no Paraná.
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Cyro Aguiar (Salvador, 9/12/1942) teve formação musical erudita no Instituto de Música de Salvador e começou interpretando músicas de Heckel Tavares e Caymmi. Em 1961, depois de abandonar a Academia Militar das Agulhas Negras, ingressou na Mayrink Veiga mas cantando rock. Foi bancário, professor de violão, voltou a estudar música com bons mestres - e nestes 25 anos sua carreira não deslanchou apesar de um trabalho entusiástico (em 1972, atuou na ópera-rock "Superstar" e gravou sua composição "Asfalto Falsificado"). Eclético, buscou a linha do samba-de-breque, homenageando o criador deste estilo - Moreira da Silva, num lp feito na Sigla. Há alguns anos, gravou na CID o belo "Balanço de Janeiro a Janeiro", abrindo com um efusivo canto as belezas do Rio e trazendo uma mistura geral - de "Risque" a uma versão-malandra de "Lullaby of Broadway" (Warren/Bubin) que virou "Botequim da Broadway". Um disco agradável, com uma faixa especialmente curiosa - "Língua Brasileira" - que a CID mantém em catálogo e que merece ser ouvida por quem se interessa pela MPB. Cyro Aguiar deveria ter um reconhecimento maior. Infelizmente, é um entre tantos talentos prejudicados pela falta de melhores oportunidades.
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A mesma CID lançou já há algum tempo um lp-montagem com os maiores sucessos de uma cantora internacional: Caterina Valente em "Everest Golden Greats", mostra sua voz soberba, seu estilo próprio que a fez, há duas décadas, um dos grandes nomes do show bussiness. Interpreta belas composições - como "The Windmills of Your Mind" (legrand), a sucessos-standarts como "Malaguena" e "Arrivederci Roma", passando por "Breeze And I", "More", "We've Only Just Begun" e "Scarborough Fair".
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Em montagem preparada para o SBT, temos em "Greatest Hits" alguns dos bons momentos da carreira de Donna Summer, cantora de grande presença há alguns anos - disputando um espaço que tem em Diana Ross e Dione Warwick duas outras fortes competidoras. A maioria das faixas de Donna Summer neste lp foram produzidas por Giorgio Moroder, maestro e compositor que, na década de 70, em Munique, soube internacionalizar o som discotheque e que se lançou como próspero compositor de trilhas sonoras, a partir do "O Expresso da Meia Noite", "Band Girls", "On The Radio", "Stop, Look and Listen", "Last Dance", uma nova versão de "Mac Arthur Park", "Heaven Knows" e até um dueto com Barbara Streisand em "Enough Is Enough" (No More Tears) fazem desta produção SBT-Polygran, mais do que um disco-marketing descartável: uma possibilidade de quem não possui as gravações originais, dispor de uma boa seleção com Donna Summer.
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Em 1985 o duo argentino Pimpinela (Lucia e Joaquin Galan) apareceu com destaque: ganhou prêmios internacionais e iniciou uma carreira americana, incluindo apresentações no Madison Square Garden, em Nova Iorque. Participou também da gravação de "Cantaré, Cantarás" (cujos direitos reverteram em prol do povo da Etiópia) e, paralelamente, fez seu primeiro lp no Brasil, com canções adaptadas por Paulo Camargo - destacando-se algumas faixas. Agora, a dupla Pempinela fez o segundo lp para o Brasil ("Esse Homem", CBS), novamente com algumas letras adaptadas ao português. A canção-título é uma composição da dupla que foi gravada originalmente por Django, nome popular na Argentina mas ainda inédito no Brasil. Para a versão ao português foi convocado Sidney Magal - que andava meio esquecido - para dividir o vocal com o Pimpinela. As canções deste duo falam de amores impossíveis, brigas de casal e dores de cotovelo - ou seja uma receita de bregue em portunhol. Um bregue sofisticado, mas não deixa de ser bregue. ..
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