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Aramis

Na falência dos políticos, surgem os bons empresários para a cidade

As profundas divergências entre os dois grupos que disputam o poder dentro do PDT do Paraná cresceram ainda mais nos últimos dias. Domingo passado, a guerra-de-foice - embora em cipoal jurídico - que invalidou (ao menos enquanto a Justiça Eleitoral não decidir) a suposta "vitória" dos membros da chapa Jaime Lerner nas zonais de Curitiba trouxe, mais uma vez, a confirmação de que a rejeição ao deputado Rafael Greca é crescente. Inabilidoso e provocativo, Greca, desesperado pela falta de apoio ao seu nome, está tomando atitudes violentas. Há três semanas acusou o presidente da 4ª Zonal (na qual não se realizaram eleições, já que seu mandato só vence em 1992), Laurentino Barsa, de ter invadido o seu gabinete na Assembléia, "acompanhado de pistoleiros". Pessoa respeitada nos meios políticos, líder autêntico dentro do PDT, Barsa desmentiu no dia seguinte as acusações de Greca, disposto inclusive a processá-lo se o mesmo abrisse mão de suas imunidades parlamentares. Na semana passada, o mesmo Greca teria estimulado seguranças da Assembléia Legislativa a espancarem brutalmente um cidadão, que acusou de ser "requianista". Os jornais denunciaram mais esta agressão, embora a Assembléia, através de sua mesa diretora, tenha tentado abafar o caso que, entretanto, está sendo investigado. Em sua desmedida ambição de se autoproclamar candidato ungido pelo prefeito Lerner para sua sucessão e a falta de trânsito político, somado a outros fatos graves, "tornam hoje impossível a convivência com este deputado, que abre, assim, a maior dissidência dentro do PDT", garante Laurentino Barsa. Quem está sendo prejudicado é o prefeito Jaime Lerner, pois embora com uma imagem de administrador e urbanista de sucesso - catapultada por um bem azeitado "lobby" promocional com ramificações até no Exterior - enfrenta, no front interno, dificuldades que poderão dificultar seu sonho de ser o candidato capaz de reunir forças que se oponha ao governador Roberto Requião na sucessão estadual. Mesmo o namoro com o governador Requião - que ganhou na semana colorida cobertura com a assinatura de acordo para pagamentos da dívida da Cinema Industrial de Curitiba - experientes analistas políticos não acreditam que o romance possa chegar a um "happy end" considerando as personalidades dos dois "cônjuges". Embora exista um cupido financeiro de bom trânsito entre os dois, o advogado Heron Arzua, que na primeira administração de Lerner na Prefeitura foi o seu procurador geral e hoje comanda o tesouro do Estado. Arzua, sem desgaste político e uma imagem de advogado tributarista (mas sem qualquer vivência em outra área) poderia ser o candidato da conciliação a Prefeitura - num acordo em que poucos, entretanto, apostam. Como o empresário Sérgio Prosdócimo - hoje em evidência nacional após ter dado uma corajosa resposta as agressões do presidente Fernando Collor - vem reafirmando sua disposição de não concorrer a cargos políticos para se dedicar exclusivamente a holding Umuarama, que administra suas 11 empresas, começam a ser lembrados outros nomes respeitáveis para uma solução que fuja dos políticos tradicionais. Prosdócimo não esconde sua preocupação em que Lerner seja substituído na Prefeitura por um homem de H maiúsculo, capaz de unir a competência à credibilidade, e, sobretudo, respeitabilidade. Com a sinceridade do sangue italiano que lhe corre nas veias, Sérgio Prosdócimo tem opiniões muito bem definidas sobre ridículos candidatos que se autoproclamam ungidos para a substituição lerneana e acredita que da escolha certa dependerá o próprio futuro político de Lerner, seu amigo pessoal e a cuja administração tem dado a maior colaboração no setor social, liderando o programa "Vale Creche" que vem rendendo excelentes frutos para a Secretaria Municipal da Criança, ocupada pela Primeira Dama, a estimada Fani Lerner. xxx Entre os nomes na bolsa de especulações para encontrar candidaturas respeitáveis e alternativas - que possam oferecer soluções frente ao desgaste do PDT - está o professor Oriovisto Guimarães (que não é filiado a sigla), homem de origens modestas mas que fez do Positivo um grupo empresarial dos mais fortes do país. Tendo deixado recentemente a direção executiva na área didática para coordenar projetos maiores - já que hoje a credibilidade do Positivo, em termos nacionais, o faz exportar o seu know how de ensino para vários países, Oriovisto é lembrado como uma pessoa de credenciais para chegar a Prefeitura. Realizado financeiramente, às vésperas dos 50 anos, reúne as condições básicas que, no entender de consultores políticos, podem fazer um nome sem experiência política anterior um candidato vitorioso: 1) ausência de rejeição da população (ao contrário do que acontece com políticos com imagens desgastadas); 2) seriedade e dimensão humana em seu comportamento e trabalho ("seria ridículo imaginar Curitiba, após três gestões de Lerner, cair nas mãos de um cacareco visual", diz um bem humorado publicitário); 3) competência administrativa; 4) honestidade e 5) cultura. Neste perfil, cabem executivos como Sérgio Prosdócimo e Oriovisto Guimarães - para citar dois exemplos. Só que nem um, nem outro, está interessado, de momento, em fazer prosperar especulações envolvendo seus nomes para a Prefeitura, embora, com razão, orgulhem-se de serem lembrados em suas qualidades - num final de milênio em que o desânimo da população é total e o descrédito dos políticos atinge os níveis mais elevados. Neste inverno de desesperanças, com a miséria da população cada vez maior e escândalos sucedendo-se diariamente, não é fácil acreditar (e principalmente encontrar) "salvadores da pátria". LEGENDA FOTO - Oriovisto Guimarães, professor que fez do Positivo um super-grupo empresarial na área do ensino, lembrado como o candidato com credenciais para a Prefeitura.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/11/1991

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