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Aramis

A Nau que trouxe a bela voz de Vange

Há uma geração de novas e excelentes cantoras, inéditas ou não em discos, mas ainda pouquíssimo conhecidas: Eliana Estevão, Eliete Negreiros (fez no ano passado, no projeto Bom Tempo, um dos melhores discos do ano), Vanias Bastos (primeiro LP recém-lançado também pela Copacabana, mas ainda não divulgado no Paraná); Nó Ozetta e Fortuna, da qual se falam maravilhas, mas que até agora só ficaram nos palcos (Fortuna, teria feito um disco independente, que não saiu por falta de vinil). A estas cantoras, acrescente-se Vange Leonel, 23 anos, compositora, vocalista e espécie de líder do grupo Nau, cujo primeiro LP acaba de ser lançado pela CBS. Roqueira, sim! Entretanto, Vange Leonel, que começou aos 16 anos, quando montou sua primeira banda, é interessantíssima como cantora. Passou por diferentes bandas, fez um estágio na astrologia - o que se reflete nas letras de suas músicas. Cantou nos Estérios Tipos e Fix Pá, até se dedicar totalmente ao Nau. Para navegar nesta Nau - que foi recebida com ventos simpáticos há três semanas, quando a CBS lançou o disco, - Vange encontrou bons companheiros: Zique, estudante de piano desde os 4 anos, depois violão, vivência nos EUA, passagem por grupos de garagem de São Paulo como os Impossíveis ( no qual o hoje badalado Supla, filho de Eduardo Suplicy e da sexóloga Martha Matarazzo era baterista), Lord K e os Príncipes da Incerteza. Beto, baixista desde os tempos de estudante de arquitetura, arquitetou com Vange o grupo, para o qual trouxe Zique. Mauro (10 anos de bateria, vários grupos), e que teve também em seus tempos de FAU uma vivência com artistas como Arrigo Barnabé, Luiz Melodia e Clementina de Jesus. Esta geléia geral faz com que a NAU não naufrague imediatamente na mesmice de tantos outros grupos. Tanto é que utilizam bem o órgão Hammond em quatro canções e Vange, aluna da ótima Nancy Miranda (professora de canto e decisão, que Heitor Valente trouxe a Curitiba para ajudar até políticos a falarem melhor) sabe dar boas interpretações de suas próprias músicas como "As Ruas", uma das cinco de sua autoria. O disco traz ainda duas importantes colaborações: "Linha Esticada", da gaúcha Laura Finokiaro (que já andou por Curitiba e é outra bela voz à espera de melhor chance), em parceria com Cilmara Bedaque e "Novos Pesadelos", com letra de Rosália Munoz, vocalista das Mercenárias, para a música criada coletivamente por Zique, Mauro Beto & Vange. Um crítico do "Jornal da Tarde", observou na semana passada que a Nau traz harmonizações de influências sentidas pelo guitarrista Zique (timbres heavy e riffs, pequenas frases que repetem) e por Beto, influenciado por Jaco Pastorius, enquanto Vange tem uma linha de cantora blues. Claro que não deve haver exagero, mas esta Nau, no mar revolto da competição do rock tupiniquim, merece um pouco mais de atenção do que a maioria de suas concorrentes. O som do Kongo Procurando visualmente a imagem do enternecedor e assustador supergorila que há 54 anos se apaixonava por Fay Wray no filme de Merian Cooper/ Ernest Schoesdsack e, há 12 anos, voltava em cores, para lançar Jessica Landy para o sucesso (e agora está chegando numa terceira revisão cinematográfica), cinco rapazes e uma garota - Marilia Figueiredo (sax alto) formam o Kongo, que num mix triplo (EMI/Odeon), não chegam a definir bem o que pretendem. Não chegam a ser irônicos nem apelativos do lado erótico, fazem um som que mistura ska e reggae, com músicas, como sempre, pouco inteligentes em suas letras. Ana Maria Bahiana, contratada pela Odeon para apresentar o grupo diz que é uma banda intensamente carioca, ou tropical, obcecada pelo ritmo e determinada a passar uma verdadeira descarga energética ao ouvinte. Mas dá para ver, também, o que eles podem ser: como uma boa muqueca, dezenas de pequenos temperos cruzam momentaneamente o palato e há algo de rocabilly aqui ("Dr. de Tudo"), algo de salsa acolá ("Querer"), uma fúria hardcore de repente ("Sabiões"). São como uma boa culinária tropical, temperos: importam menos pelo nome que têm e mais pelo amor que trazem, pelo alimentado, ou doce, inesperado" (sic). Os integrantes do Kongo são: Nelson Cerqueira e Edson Milesi nas guitarras e vocais; Marilia Figueiredo no sax alto, Niltinho no sax tenor; Bombom no baixo e Arnaldo Neto na bateria. FOTO LEGENDA - Kongo: sem definição...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
03/05/1987

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