Nomes ou palavrões (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de setembro de 1974
Para levantar as centenas de nomes estranhos em seu original estudo ("Nomes Próprios Pouco Comuns", Livraria São José, agosto/74), o pesquisador Mário Souto Maior fez um levantamento em 79 publicações, consultou dezenas de pessoas e procurou, cuidadosamente, comprovar os nomes esdrúxulos reunidos nesta sua original obra - realmente uma [denúncia] contra a falta de critérios com que se dá nomes em nosso País, em especial por parte das pessoas mais humildes.
Do material pesquisado por Souto Maior se destacam 23 listas telefônicas - incluindo os Guias dos Telefones do Norte do Paraná, edição 1969 e a Lista Telefônica do Paraná, 1970/71, além de Diários Oficiais e o Anuário do Pessoal, do Banco do Brasil, com 60.846 nomes de servidores de todas as partes do Brasil por cuja amostragem concluiu que a letra "J" funciona como inicial predileta - com um total de 10.327, o que uma porcentagem de 16,97% e neste inicial José é o nome que soma o maior número de participantes.
Analisa Souto Maior as diferentes influências - iniciando pela religiosa, passando pela dos nomes de grandes homens, dos grandes estadistas, dos brasileiros notáveis, os artistas de cinema e chegando aos bairristas, como o caso comprovado (Diário Oficial da União 13/10/67, página 402) de um cidadão que, cheio de amor à cidade de Recife, batizou sua filha com este nome bem bairrista: Veneza Americana Derecife, irmã de São Sebastião do Rio de Janeiro - que recebeu este nome por haver nascido na Cidade Maravilhosa e de Philonila Piaulina, nascida no Piauí. Souto Maior registra também o que resulta da tentativa dos pais em criarem nomes, juntando uma ou duas sílabas do próprio nome com uma ou duas letras ou sílabas do nome da mulher. E conta um caso comprovado: um cidadão chamado Mariano Chagas casou com uma moça de nome Maria Amélia e, nascido o filho, recebeu o seguinte nome: Prodamor (Produto do Amor) de Marichá (Mariano Chagas) e Marimé (Maria Amélia). Do imenso levantamento que ocupa 50 páginas do livro, eis alguns dos nomes mais estranhos: Barrigudinha Seleida, Cafiaspirina Cruz, Céu Azul do Sol Poente, Céu Infância Alves, Chevrolet da Silva Ford, Colapso Cardíaco da Silva, Eter Sulfúrico Amazonimo Rios, Flávio Cavalcanti Rei da Televisão Nogueira, Gerunda Gerundina Pif Pat dos Guimarães Peixoto, Himeneu Casamenteiro das Dores Conjugais, Joaquim Pinto Molhadinho, Joaquim Semais Nada e - devidamente comprovado - Lança Perfume Rodo Metálico de Andrade, filho do escritor paulista Oswald de Andrade.
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