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Aramis

Nos palcos, nas telas e na música, o tango renascendo

Em fevereiro do ano passado, Mario "Pacho" O'Donnell, secretário de cultura do município de Buenos Aires, "por decreto municipal declaramos que Carlos Gardel nasceu em Buenos Aires, mais precisamente no bairro de Abasto". O surpreendente ato institucional anunciado pelo secretário veio contradizer, entre outras coisas, um documento, expedido pelo registro civil de Toulouse, França, em nome de Charles Gardes, filho de Bertha Gardes e pai desconhecido. Este documento legal, reconhecido pelo consulado uruguaio na França, afirma que Charles Gardes nasceu em 11 de dezembro de 1890, às 2 horas da manhã. Justifica-se, afinal, em termos nacionalistas, a "apropriação" da naturalidade de Gardel. Afinal, ninguém mais do que este cantor e compositor identifica a música argentina e não deixava de ser incômodo para o orgulho dos gringos que Gardel tivesse nascido na França (e falecido em Medelin, na Colômbia, em 24/6/1935) num acidente aéreo - e fosse o maior símbolo da cultura argentina. Antes que crescesse uma curiosa tese defendida pelos urugauaios - a qual diz que Carlos Gardel era o nome artístico de Carlos Escayola, um uruguaio nascido no departamento de Tacuarembó, filho ilegítimo, reconhecido por Bertha Gardes (que lhe teria dado os papéis de seu filho Charles, morto ou desaparecido), o secretário decidiu a questão: Gardel é porteño e ninguém tasca. E Gardel é o maior nome da música argentina - formando ao lado de outros grandes do tango, uma legião de autores, intérpretes e instrumentistas da música que mais identifica Buenos Aires - e que, há mais de 60 anos tem um público imenso na Europa (especialmente França), mas que agora conquista também Nova Iorque e outras cidades americanas. O Tango volta a forma - com a temporada de um de seus maiores maestros e pianistas - Osvaldo Pugliesi, que com sua orquestra de 10 músicos e duas cantoras, se apresenta amanhã a noite, no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Paralelamente a RGE lança o novo elepê de Astor Piazzolla - o homem que revolucionou o tango - e, em breve, deve chegar as telas o belíssimo filme "Tangos: Gardel no Exílio".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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20/07/1986

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