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Aramis

O balanço bem Brasil de jorge Ben

Se não tivesse outros méritos, Jorge Ben (Jorge Duíllio Lima Meneses, RJ, 22/3/1942) já mereceria atenção por uma qualidade especial: o incrível balanço de suas composições e interpretações. Há 25 anos na MPB, colecionando sucessos e desenvolvendo uma linha musical que o faz justamente pelo seu suingue um artista de imensa popularidade no Exterior, Jorge Ben consegue dar um balanço, uma comunicação, uma empatia as músicas que interpreta. Filho de um pandeirista do bloco carioca Cometa do Bispo, Augusto Meneses e de uma etíope, Silva, aos 13 anos, Jorge já era pandeirista num regional; aos 15 cantava no coro da igreja do Colégio Diocesano; aos 18 anos, quando servia ao Exército, ganhou um violão. Em 1961, integrou-se ao conjunto do organista Zé Maria e via a Bossa nova nascer. em 1963 emplacava o seu primeiro sucesso - "Por causa de você" e, especialmente, "Mas que nada". E desde então, não parou de trabalhar - sem preocupar-se em modismos e mesmo com uma presença até discreta nos veículos de comunicação. Em compensação, tem se mantido fiel a certas temáticas - músicas em torno de personagens femininos, um certo misticismo espiritual (os alquimistas, por exemplo) e sempre com o balanço que tão bem o caracteriza - sem falar no futebol, do qual á apaixonado - e para cujos craques tem dedicados muitas músicas. O novo disco ("Ben Brasil", Sigla) é uma confirmação de toda esta visão de jorge. começa com uma bem humorada "Roberto Corta Essa" que pode parecer até uma brincadeira com seu amigo Roberto Carlos (falando numa princesinha trocada por um dragão) e prossegue com influências de rítmos afro ("Fonte de Paulus V", "Sasaci Perere", "Dança que isso é Sambafoxé"), elege uma nova musa ("Elizabeth Blue"), enaltece deuses afros ("Gabriel Guerreiro Galáctico") e mostra seu bom humor ("Pancada de Amor não Dói" e "Procura-se Uma Noiva"). Mas jorge Ben é, sobretudo, o balanço, o rítmo. As letras pouco importam - o que vale é o seu estilo interpretativo, a batida que imprime as canções - e, no caso deste álbum, produção cuidadosa de Aramis barros, foram convocados ótimos músicos - a começar pelo pianista João Donato e o baixista jamil. Joege Ben é bem Brasil. Com suingue e bossa. Um disco que merece ser exportado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
27/07/1986

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