O carnaval na Assembléia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1977
Um experiente e bem humorado jornalista político, que acompanha há duas décadas a vida parlamentar, comentava ontem que o espírito carnavalesco parece ter contaminado a Assembléia Legislativa. Pois não poderia ser mais confuso o ambiente pré-eleitoral, para a renovação da mesa, num clima de boatos, intrigas e promessas "dando a sensação de Hamlet estar no País do Carnaval". A estratégica viagem do Sr. Affonso Alves de Camargo Neto, presidente da Arena, ao Nordeste, colocou ainda mais lenha na fogueira. Enquanto o presidente da Arena goza as delícias das praias do Nordeste, o deputado Paulo Camargo, presidente da Assembléia e que recebeu a batata quente da coordenação da sucessão está perdendo a sua tradicional calma e neutralidade - fatores aliás que lhe deram a presidência da casa, há dois anos passados.
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O deputado Francisco Rodrigues Accioly Neto interrompeu sua temporada de praia e esteve quinta-feira na cidade. Gastou a maior parte do tempo reunido com parlamentares emedebistas. Entretanto, seus amigos mais íntimos garantem que há ao menos um deputado arenista que, por razões de amizade, poderá garantir o seu voto: o astuto nipônico Jorge Sato, que, quando na primeira secretaria, há alguns anos, tinha juntamente Acciólinho como chefe-de-gabinete. Os outros dois candidatos - Ivo Thomazoni, o favorito do governador, e Luís Roberto Soares que apareciam como os prediletos, enfrentam algumas áreas de atritos dentro da própria bancada arenista o que poderá resultar em [decepções] e surpresas de última hora. Afinal, a decisão da Arena sairá no dia 24 e 24 horas depois o MDB decide se apoia ou lança candidato próprio nesta altura com prazo para compor com os eventuais dissidentes do partido do governo. E a história da Assembléia está cheia de surpresas desagradáveis ao governador: Vidal Vanhoni e João Mansur, entre outros, foram deputados que chegaram a presidência através de esquemas inesperados, contrariando inclusive a vontade dos governadores da época.
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