O Festival em questão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de maio de 1978
Os maestros Marlos Nobre e Henrique Morelembauem permaneceram em Curitiba apenas durante 5 horas, no sábado. Marlos vinha de Fortaleza e parou no Rio apenas para se encontrar com Morelembauem, que na sexta-feira, havia regido "A Tosca", no Municipal. Chegaram às 13 horas no aeroporto Afonso Pena e de lá foram direto para a Diretoria de Assuntos Culturais, participando de uma reunião com o diretoria da Pró-Música, além do maestro Roberto Schnorenberg e compositor Henrique Morozowicz. Assunto: realização do X Festival de Música de Curitiba e X Curso Internacional de Música.
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Foi, antes de tudo, uma reunião sincera, onde se fez uma análise honesta dos erros e acertos dos festivais anteriores - nove num período de 14 anos, oito dos quais tendo como diretor o polemico maestro Schnorenberg: Marlos Nobre, maestro, compositor e diretor há dois anos do Instituto Nacional da Música, ouviu bastante e fez importantes colocações - de forma genérica, sobre a validade que um festival de música, importante mas oneroso como o do Paraná (o último custou quase Cr$ 3 milhões e o de 1979 deverá ficar no dobro).
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Não houve nada de definitivo. Apenas o diretor Joaquim Portes reuniu dados honestos que levará a apreciação do secretário Borsari Neto, da Educação e Cultura, cabendo então uma decisão sobre quais os rumos que o próximo festival terá. Se haverá uma maior abertura, com a preocupação de integrá-lo cada vez mais à comunidade (que, afinal, indiretamente, é quem o financia), ou se terá um caráter restrito e puramente didático. Seja qual for a solução que seja encontrada, o válido e necessário a ser destacado é a corajosa preocupação de Joaquim Portes em tentar dar ao festival uma dimensão ampla, corrigindo erros e tentando encontrar a melhor fórmula de justificar a realização de uma promoção tão difícil, importante e onerosa.
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Aguardem, nos próximos capítulos, importantes revelações!.
E uma pena que no Brasil não exista o hábito de jornalistas escreverem livros sobre as campanhas políticas (é bem verdade que escassearam aquelas tradicionais, em busca do voto direto). Pois se alguém, com a picardia e o bom humor de um Sebastião Nery (que, aliás, está publicando o volume 3 de seu divertido "Folclore Político"), acompanhasse os homens que percorrem o Interior, em busca de votos para chegarem à Assembléia Legislativa e à Câmara Federal - Além do Senado, por certo reuniria material para um inspirado best-seller.
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Há estórias publicáveis e outras que, por várias razões, permanecem restritas em rodas informais, por envolverem pessoas que, no momento, são todo poderosas na política tupiniquim. Um dos parlamentares que tem maior número de estórias picantes é Maurício Fruet, líder de votos do MDB e a quem, aliás, Sebastião Nery sempre recorre para obter novas contribuições ao seu arquivo.
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Um candidato a deputado estadual, inexperiente de andanças interioranas, queixava-se no domingo, pela manhã, numa roda da Boca Maldita:
- "Estou quase pensando em desistir antes de começar. Em 3 viagens ao Interior, já vi que o difícil não é conseguir votos, mas agüentar comer maionese todos os dias. É maionese no almoço, no jantar e até como aperitivo..."
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O secretário Túlio Vargas, que está deixando a Pasta da Justiça, para reiniciar, mais uma vez, sua campanha à Câmara Federal, tem algumas divertidas experiências no Interior. Uma delas é sobre o que aconteceu num tórrido dias, em que ele e mais alguns correligionários tentavam encontrar alguma habitação, para matar a sede. Quando encontraram a humilde choupana de um caboclo, ele forneceu água de poço, mas disse que só tinha uma velha xícara para servir a todos.
Passando de boca em boca, quando chegou a Túlio, politicamente deixando para ser servido ao final, tinha ao invés de água, um visguento líquido. E como político em campanha não recusa nada, Túlio fechou os olhos e enfrentou o destino. Não morreu e ganhou até o voto do caipira.
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