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Aramis

O livro do Castello

Um volumoso livro que a partir desta semanas estará na cabeceira de todos os políticos e homens públicos - "Os Militares no Poder" do jornalista Carlos Castello Branco (Editora Nova Fronteira, 685 páginas), de certa maneira vem comprovar, mais uma vez a inexpressividade dos nossos políticos e homens públicos, em termos nacionais. Pois Castello Branco, 57 anos, de jornalismo, desde 1963 assinando no "Jornal do Brasil" a mais influente coluna política do País, neste seu quarto livro sobre o Brasil contemporâneo, fazendo um relato objetivo e jornalístico, cita poucos paranaenses. E como seu livro é, como ele próprio afirma na introdução, o aproveitamento do material publicado no dia-a-dia, principalmente nas páginas do JB, é de se concluir que nos últimos anos, a presença dos paranaenses, nos acontecimentos nacionais, tem sido bastante tímida. *** Anteriormente, Castello Branco publicou "Introdução à Revolução de 64" e "Agonia do Poder Civil", ao qual se acrescentará em breve "A Queda de João Goulart". Neste "Os Militares no Poder", Castello ordena os acontecimentos, cronologicamente, de abril de 1964 a março de 1967, cobrindo assim o primeiro governo da Revolução, do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (1900-1967). Castello Branco aproveita em seu livro estórias e frases pitorescas. E graças a isso, o ex-deputado Jorge Curi, que se notabilizava por suas frases de efeitos - ao que consta, preparadas pelo seu maior amigo Carlos Lacerda - é um dos poucos parlamentares paranaenses citados. Na página 278, na síntese dos fatos mais importantes ocorridos no dia 8 de julho de 1965. Data em que, segundo castelo Branco, o então deputado Jorge Curi, dizia a respeito do governo: "É como a ponte sobre o Rio Kwai: depois de construída, deve ser destruída, para não dar passagem ao inimigo". *** Na página 214, referente aos fatos do dia 24 de março de 1965, na narração de Carlos Castello Branco: "Quando convocou a Brasília o sr. Carlos Lacerda, juntamente com os srs. Magalhães Pinto e Ney Braga, o presidente Castelo Branco, a acreditar na exegese oficial, teria uma intenção cheia de malícias: reunir para uma explicação em comum os três governadores partidários da prorrogação dos mandatos. A carta do sr. Lacerda, na qual figurava uma ressalva de princípio quanto as eleições, foi lida e anotada a lápis vermelho no Palácio do Planalto. O governador quis examiná-la com o presidente, mais esse teria preferido dar o assunto por encerrado. As anotações em vermelho, segundo as fontes lacerditas, não grifavam a parte da carta em que o governador reafirmava sua convicção de que a eleição seria a melhor saída para o impasse, mas apenas aquelas em que optava pela prorrogação, dentre as fórmulas que foram objeto de consulta. O sr. Lacerda, no entanto, dos três governadores, foi o único a reagir bem à decisão do presidente, deixando o Palácio em estado de quase euforia e entregando-se imediatamente as providências eleitorais. Com o sr. Rafael de Almeida Magalhães, seu candidato a governador, conferenciou pela madrugada logo ao desembarcar no Rio. O governador Ney Braga recorreu ao analgésicos para assimilar a notícia que ouviu da própria boca do presidente e os vômitos e naúseas que o assaltaram dizem da decepção e do estado de confusão em que ficou. O governador do Paraná, no entanto, declarou ao marechal Castelo Branco que venccerá os problemas internos do seu dispositivo em tempo de ganhar as eleições. Se fosse avisado, antes, teria acelerado a arrumação da casa para a luta sucessória, mas manifestou que, de qualquer forma, fará o seu sucesso". FOTO LEGENDA- Castello: militares & poder O economista Reinhold Stephanes convocou os melhores assessores do INPS no Panará para, durante uma semana, no Rio de Janeiro, o municiarem com dados que permitem excelente performance num pinga-fogo que participará, na televisão, em Curitiba, na próxima semana. Raciocínio rápido, boa presença e dicção clara, Stephanes tem se saído muito bem nas entrevistas e hoje é um dos nomes de maior trânsito junto a imprensa nacional, especialmente pelas posições sinceras que assume com os profissionais. Ao contrário de tantos "donos do poder", embriagados com momentâneas projeções, Stephanes mantém a mesma simplicidade de seus anos de líder universitário, quando em 1961/62, presidiu, corajosamente, o Diretório Acadêmico Visconde de Mauá da então Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Paraná. E o seu nome vem crescendo no bolão de apostas em torno do sucessor de Canet Júnior para o governo estadual. Em muitas rodas, acredita-se que seria a melhor opção. Se no ano passado, durante os meses de maio e junho, Curitiba assistiu um verdadeiro festival de balé, com excelentes companhias, este ano a dose será repetida. Ontem à tarde, o superintendente do Guaíra, Maurício Távora, recebeu telefonema do empresário Barbosa, confirmando a estréia, no próximo dia 23, de um dos melhores grupos de danças da União Soviética - o Mosseyveis. Durante 3 noites (23 a 25 de maio), o conjunto - mais de 100 integrantes - fará temporada. Apenas não foi anunciada antes a sua vinda, porque estava na dependência de detalhes diplomáticos. Agora, com o sinal verde das autoridades, a tournée começa praticamente em Curitiba. De 6 a 8 de junho outra atração internacional: o balé do Tahiti. Hoje à noite, em única apresentação, um grupo local: o Balé de Ema Sintani. E a propósito: as duas apresentações do Corpo de baile da FTG, no último fim-de-semana, no Municipal, em São Paulo, tiveram casas lotadas e agora o grupo vai a Brasília, Salvador e Porto Alegre - onde participará de um festival internacional de balé. FOTO LEGENDA- Stephanes: municiado
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
18/05/1977

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