O Natal dos Ortodoxos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1986
Ontem, pelo menos 400 pessoas deixaram de trabalhar. Todos por uma mesma razão: respeito a uma data especial - o Natal. Como?
Os cristãos-ortodoxos - que em Curitiba passam de mil, dos quais mais de 100 famílias descendentes de ucranianos - comemoraram o Natal, no calendário gregoriano - dentro de sua tradição milenar.
Para a comunidade ortodoxa, o Natal é no dia 6 - que para a Igreja Católica é a data em que se reverenciam os Reis Magos - e o ano novo só começa no dia 14.
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Na Catedral de São Demétrio, na Avenida Cândido Hartmann, um idoso sacerdote ortodoxo, o padre Postolan, 83 anos, oficiou a missa de Natal. O monsenhor da Igreja Ortodoxa no Paraná, padre Nikolas Milos, foi a São Paulo. No Brasil, aliás, são poucos os religiosos ortodoxos, o que obriga a uma constante permuta dos mesmos entre as diferentes comunidades.
Além da Catedral de São Demétrio, os ortodoxos têm outro templo em Curitiba: é a Igreja de São Miguel, na Vila Guaíra.
A tradição ortodoxa é das mais bonitas pela passagem do Natal. As famílias reúnem-se à noite ao redor de uma farta mesa, com nada menos que doze pratos típicos - nos quais a base é o trigo sarraceno. O trigo, aliás, como imagem da prosperidade e fartura, é usado tamhbém na decoração das mesas. Ao final, serve-se uma deliciosa sobremesa - o "Kutya".
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Os atos religiosos na Catedral de São Demétrio tiveram a parte musical com a presença do afinado coral ucraniano, formado por 20 belas vozes sob a regência do maestro Basilio Cznyr.
Além dos ucranianos, há também muitas famílias de gregos, sírios e libaneses que professam, entre nós, a religião ortodoxa. Para todas, 6 de janeiro - Natal em seu calendário - é dia de recolhimento. Assim, os compromissos externos são suspensos. Numa prova de respeito, praticamente todos os empregadores de adeptos do culto ortodoxo respeitam a ausência dos fiéis e nunca houve o caso de punição por falta ao serviço.
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