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Aramis

Reencontro do "ludus"

Graças à sensibilidade, simpatia e amizade de Osny Bermudes, ex-homem de tv, hoje na assessoria de relações públicas da Telepar, um acontecimento tão emocionante quanto musicalmente histórico, aconteceu na noite de sábado, no amplo apartamento do professor e advogado Aristides Severo Athayde. Pela primeira vez, em 11 anos, o Ludus Tercius se reencontrou instrumentalmente: Gebran Sabbag no piano, Norton Morozowicz no baixo acústico e flauta e Guarany na bateria. Amigos e companheiros musicais nos anos 60 e que por quase um ano fizeram um som avançadíssimo para a época (1968), no Centro Comercial Curitibano (no prédio hoje ocupado pelo P. A. Vila Olímpica), cada um seguiu caminhos diversos. Norton é hoje o mais respeitado flautista brasileiro, Gebran ocasionalmente se apresenta ao piano (e embora seja o mais criativo tecladista da cidade, como funcionário da Prefeitura, trabalha como técnico de som sendo obrigado a instalar alto-falantes em postes, num serviço que qualquer eletricista poderia fazer) e Guarany está se recuperando de grave enfermidade. Guarany morou anos no Rio, foi o baterista num dos dois primeiros elepês de João Gilberto e hoje dá aulas para alguns alunos. Os onze anos de separação, não impediu que o reencontro musical - assistido por apenas seis pessoas - fosse perfeito e tão emocionante, em nossa opinião, como o que ocorreu, a 11 de agosto de 1972, no Paiol, quando o Tamba Trio, em sua formação original - Luisinho Eça (teclados), Hélio Milito (percussão) e Bebeto (baixo/flauta), se reencontrou após 7 anos. Aquele encontro - público - foi realizado graças à empresária Gaby Leib e por nossa sugestão e dali o Tamba tentou uma nova fase, que durou 3 anos e resultou mais 2 elepês (RCA), havendo, depois, a separação definitiva. Já o reencontro de Ludus Tercius foi reservado, feito apenas pela amizade e Osny Bermudes e Aristides Athayde, que apesar de ser advogado, é um apaixonado por música: fundador e ex-presidente da Pró-Música tem em sua casa um dos mais modernos órgãos Yamaha, um excelente Essenfelder, flautas, violões e outros instrumentos. Do reencontro - que variou desde composições do próprio trio até temas de Legrand ("What I Do With The Best Of My Life") e Raskin ("Laura"), ficou apenas um pequeno minicassete, cujas falhas sonoras são compensadas pelo valor documental. Norton em breve volta ao Rio, Guarany continua modesta e anonimamente no Juvevê, e Gebran, só bissextamente mostra toda sua genialidade pianística. E Curitiba continua sem ter chance de ouvir um trio que, sem favor nenhum, poderia ser aplaudido em qualquer teatro do mundo. Em compensação... bem, deixa pra lá, que não adianta perder tempo e espaço para lamentar os desperdícios que se faz em nome da cultura tupiniquim.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
8
27/03/1986

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