A volta do Prince dourado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de agosto de 1987
Os dois criolos mais bem sucedidos da música pop americana estão novamente na pista. Prince saiu com a vantagem de algumas semanas com seu novo elepê ("Sign'O The Times"), mas o marketing em torno de Michael Jackson é poderoso e o mix com "I Just Can't Stop Loving You", nas praças há semanas, antecipa o que será o elepê, lançado mundial e simultaneamente.
Ambos são enrustidos e complicados. Prince repete sempre que sua comunicação com o público é feita apenas por duas formas: por suas músicas e em seus shows. "Sign'O The Times" é produção de seu próprio selo (Paisley Park), apenas distribuído pela Warner. Variado e eclético, musicalmente oscila do funk ao rock contagiante, todos entrelaçados por uma criatividade tanto rítmica como melódica.
Nas letras, há desde a reflexão sobre o mundo, abatido por desastres e pela decadência social (na faixa título) à fantasia pós-psicodélicas ("Starfich and Coffee"), passando por atitudes de indulgência quanto aos prazeres do puro sexo ("I think about it baby all the time / It feels so good it must be a crime") e chegando ao exame das conseqüências emocionais, por vezes deliciosas, por vezes devastadoras dos longos relacionamentos ("Strange relationship / Adore / I could never take the place of your man").
Prince se mostra capaz de prazeres inocentes ("Play in the Sunshine") mas ao mesmo tempo está ciente de seus próprios limites.
Um Prince diferente do "Purple Rain" - cuja trilha sonora lhe valeu até um Oscar, e vários Grammy. Joni Mitchell, uma das maiores admiradoras, diz sobre Prince:
- "É uma pessoa especial. Vive como um artista e sua motivação é o crescimento constante e esta fórmula é transmitida em seus sucessos".
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