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Aramis

Perfil - Orlando & Vilma, as imagens humanas

Orlando Azevedo sempre se caracterizou por fazer com decisão, bom gosto e dedicação aquilo que o entusiasma. Filho de um alto técnico da FAO, chegou em Curitiba no meio dos anos 60, quando o som do Beatles provocava uma mudança não só no comportamento jovem. Conheceu alguns rapazes que tocavam instrumentos diversos e foi o ideólogo do grupo “A Chave” – que no espaço de dez anos seria mais do que apenas um conjunto eletrificado:  propôs novas formas de comunicação, fez um programa de vanguarda no antigo Canal 6 e centrou uma delirante geração na famosa “Casa Branca” no alto das Mercês. No inicio uma espécie de manager d’A Chave, Orlando acabaria tornando-se baterista do grupo, estimulando-o em sua fase mais intensa. Não foi por falta de disposição e energia de Orlando que as portas do sucesso não se abriram para a Chave: houve muitas viagens – nos dois sentidos da palavra – shows com grupos de rock e outros Estados, tentativas de criar um marketing intenso para o conjunto. De tudo isto ficou um compacto simples, cujo lançamento passou aparentemente despercebido. Mas os frutos da Chave aí estão: Ivo, seu crooner, mantém-se na estrada, cantando bonito; Carlão diversifica sua ação entre a música e a publicidade – e foi com o conjunto de Orlando que Paulo Leminski, hoje transformado em guru paranaense dos baianos musicais, se animou na carreira de letrista que o transformaria no compositor paranaense mais gravado e baladado no ano passado (Paulinho Boca de Cantor, Caetano e especificamente Blindagem cantam suas músicas).             Quando o sonho da Chave chegou às portas da fama, acabou, Orlando descobriu uma nova motivação: a fotografia. Junto com uma moca que mais do que a beleza e o talento, é a companheira do dia e a noite: Vilma Slomp. Juntos, há sete anos vêm fotografando o mundo, as coisas e as pessoas. Fotos publicitárias, jornalísticas, artísticas, documentais. A convivência nos meios musicais por tantos anos, faria com que Orlando          e Vilma se voltassem aos bastidores dos teatros. Quando Maurício Távora dirigia o Guairá nasceu a idéia de realizar um álbum com flagrantes de bailarinos no momento em que saem pela coxia: a proposta não foi adiante porque Orlando e Vilma descobriram que os bailarinos(as) são vaidosos e não gostam de flagrantes inesperados. Tanto não gostam que Alexander Godunov, Eva Edvokinova e Barishnykov deram gritinhos histéricos e ameaçaram puxar os cabelos da bela Vilma, quando sentiram seu click nos bastidores. Em compensação, o pessoal da MPB sempre foi cordial para as imagens da intimidade: a inesquecível Elis Regina permitiu a documentação de seu “aquecimento” nos camarins antes de entrar no palco, quando aqui esteve pela última vez, no ano passado, com “Saudades do Brasil”. Hoje temos apenas saudades de Elis. Simone fez caretas e brincadeiras enquanto era fotografada e Rita Lee, Ney Matogrosso, Ângela RoRo e tantos outros ficaram amigos de Orlando e Vilma. O resultado – mais de 3 mil fotos – das quais após 3 meses de trabalho, selecionaram as melhores para a mostra de “Shows __ Camarins de Camarote”, que com patrocínio da Secretaria da Cultura e ajuda da Kodak/Kicolor, será inaugurada na quarta-feira, no hall do Teatro Guaíra.                     Nos últimos 3 anos, tanto Vilma como Orlando, têm participado de exposições, criado audiovisuais, colaborado com publicações (“Quem”, “Íris”), sempre buscando a documentação que vá mais alem da simples imagem oficialmente conhecida, ou seja, a pessoa atrás do rosto, o ser humano. Uma preocupação que faz de cada imagem que produzem uma pequena obra de arte – preciosa memória de homens & cenas de nosso cotidiano. Orlando e Vilma, casados, um filho de 2 anos e uma grande biblioteca especializada em fotografia, trabalhando juntos para uma nova viagem à Europa, ainda encontram dispendioso, está exigindo um encaramento empresarial: a criação de cães de raça.  
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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28/02/1982

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