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Aramis

Artigo em 01.12.1981

Infelizmente, mais uma vez, se repetiu aquilo que está colaborando para fazer com que os melhores artistas passem a incluir Curitiba como ponto negro no mercado cultural brasileiro: na sexta-feira, o bom alemão, guitarrista e compositor de méritos, simplesmente teve uma única espectadora no Paiol, "assim mesmo uma alemão que foi lá pensando se tratar de um artista de Munique", como dizia Olmir Stocker ("Alemão" para os amigos) na tarde de sábado, batendo papo com o seu velho amigo Pirata (Afonso Cid, 53 anos), companheiro da época do quinteto de Breno Sauer. No sábado, apenas 15 espectadores, mas que, em compensação, souberam aplaudir o seu magnífico espetáculo, a ponto de ter que apresentar um número extra. Gaúcho de Taquari, 45 anos, na vida musical desde os 11, Alemão tem inúmeros amigos em Curitiba, onde residiu por quase 3 anos, no início dos anos 60, quando, ao lado do Garoto (piano/vibrafone), Gabriel (baixo), Pirata (bateria) e Breno (acordeão) integrava um inovador conjunto instrumental, contratado pelo francês-judeu Paulo Bormonoram, da "La Vie En Rose", na época em que esta casa tinha uma elegante [freqüência] - e, posteriormente, contratado por Paulo Wndt, já então para a Marrocos - quando aquela boate trazia [grandes] shows artísticos a Curitiba. 19 anos após ter deixado Curitiba, período em que acompanhou dezenas de cantores(as), viajou ao Exterior e participou de centenas de sessões de gravações - especialmente no Nosso Estúdio, por onde fez agora o seu magnífico lp-solo ("Perto dos Olhos... Longe do Coração", seguramente um dos melhores discos do ano), Alemão voltou a Curitiba, junto com um harmonioso grupo instrumental: a bela Miriam Hungria (violão), Sérgio Bianchi (guitarra/bandolim), Tatão (bateria), Alaor (percussão) e Reinaldo (baixo), para um espetáculo que mereceria ter sido aplaudido pelos estudantes de violão/guitarra, que - a exemplo do que aconteceu com o Trio D'Alma, cuja temporada também fracassou, teriam chance de ouvir/ver um virtuose do instrumento. Com isto também se reduziram as chances do excelente grupo Medusa, outro conjunto instrumental editado pelo Som da Gente, etiqueta do casal Teresa Souza/Walter Santos, vir a Curitiba, ou mesmo o guitarrista Fredera (Frederico Mendonça), que acaba de ter editado seu lp-solo "Aurora Vermelha" afora Dick Farney, pianista que, em comemoração aos seus intensamente bem vividos e musicais 60 anos, acaba de fazer um fascinante lp. No Nosso Estúdio, em agosto de 1981, Dick, acompanhado apenas por Renato Loyola (baixo acústico) e Toninho Pinheiro (bateria), gravou um repertório ao seu gosto, com clássicos como "Autumn in New York", "Depp is a dream", "This love of mine", "Things we did last Summer", "One for my Baby", Green Dolphin Street", "All the things you are", e uma [jazzística] versão de "Se todos fossem iguais a você".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
01/12/1981
Pois é........tem tanta coisa boa que passa discretamente pela mídia e muita coisa ruim que abarrota a mídia tentando nos enfiar goela abaixo tanta música ruim.Ruim mesmo: sem qualidade nenhuma,sem arte,sem requinte.Há tantos trabalhos excelentes que ficam resguardados.Mas quem procura ,acha.

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