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Aramis

Faltou a qualidade nos livros de arte

Até agora a Secretaria da Cultura ainda não recebeu os dois belos livros de arte que deveriam ter sido oficialmente lançados ainda na administração da professora Suzana Munhoz da Rocha Guimarães. A razão é simples: por apresentarem falhas de impressão e encadernação, tanto o álbum-catálogo da exposição "Tradição/Contradição" como "Sete Quedas", com fotografias de Helmuth Erich Wagner, foram devolvidas, com razão, às gráficas que as imprimiram. Afinal, com um custo de muitos milhões de cruzados, é injustificável apresentar livros de arte que não tenham acabamento de alto nível. xxx Primeiros resultados concretos da preocupação que a ex-secretária Suzana Guimarães teve em captar recursos privados, dentro dos estímulos da Lei Sarney, os dois volumes são obras importantes e, naturalmente, representam uma grande contribuição para a nossa pequena bibliografia de livros de arte. O volume-catálogo da polêmica exposição "Tradição/Contradição", realizada entre os dias 3 de junho e 3 de agosto de 1986, no Museu de Arte Contemporânea e que teve cerca de 25 mil visitantes, há muito já deveria ter sido editado. O alto custo de impressão, entretanto, impediu que a Secretaria da Cultura arcasse com o projeto que se viabilizou a partir do momento em que o Boticário, dentro da abertura cultural que o seu presidente, Miguel, vem tendo nos últimos meses, se dispôs a investir mais de Cz$ 350 mil para a confecção de parte dos fotolitos e bancar os custos industriais. Um dos mais competentes profissionais da comunicação, Ney Alves de Souza, ex-Umuarama, hoje diretor de propaganda do Boticário, se empenhou a fundo para a elaboração do projeto - dentro aliás de uma preocupação que sempre o caracterizou nas atividades por ele coordenadas. E justamente pela sua experiência na área (Ney, aliás, é dono do melhor arquivo sobre propaganda e comunicação no País), não aceitou, de princípio, a publicação tal como apresentada. Apesar do alto custo, papel de boa qualidade e a tradição de que tem a indústria gráfica no Paraná, este trabalho executado pela Impressora Monte Santo, não estava à altura do desejável. Várias falhas foram apontadas em sua confecção - não só na parte industrial mas também na própria forma em que os dez textos-ensaios descritivos dos vários períodos foram apresentados. A impressão ficou deficiente em várias páginas, e, num dos exemplares em nosso poder, o índice é repetido - falha clamorosa num livro que pretende ser de arte e com custo de milhões. Considerando o valor do projeto e, especialmente, ao fim que se destina - distribuição em bibliotecas e instituições de arte, críticos, colecionadores e mesmo ser enviado ao Exterior - o governo do Paraná não pode aceitar um trabalho que não esteja perfeito. Obra de referência, com textos de pessoas da maior competência nas artes plásticas, antropologia e mesmo história do Paraná - como Oldemar Blassi, Fernando Bini, arquitetos José La Pastina Filho e Key Imaguire Júnior, Marta Morais da Costa, Luiz Carlos Ribeiro, Eduardo Rocha Virmond, Ennio Marques Ferreira e Ivens Fontoura (atual coordenador do Patrimônio Histórico/Artístico da Secretaria da Cultura), o livro-catálogo "Tradição/Contradição" repete, de certa forma, o que já foi esta mostra que teve como curadora a professora Maria José Justino: polêmica. E como a exposição aconteceu há quase um ano, não custa mesmo exigir a reimpressão deste catálogo-livro, com 156 páginas, formato de álbum e centenas de ilustrações em preto & branco e a cores, para que esta publicação mereça elogios aqui e no Exterior. E não seja um melancólico exemplo de como um bom projeto é prejudicado na fase final.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
21/04/1987

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