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Lobos devoraram sete Oscars sem surpresas

Não houve surpresas! Das 12 indicações, "Dança com Lobos" (Cine Astor, 3 sessões diárias, 4 aos sábados) levou 7 Oscars - filme, direção, fotografia, som, montagem, trilha sonora e roteiro adaptado - como era previsto. Para não ficar mal, o de melhor ator foi para Jemery Irons, ainda pouco conhecido no Brasil - mas cujo talento pode ser apreciado em sua interpretação em "Gêmeos - Mórbida Semelhança", do canadense David Cronnenberg (que citou em seu discurso de agradecimento) em exibição há duas semanas no Cine Luz. Irons foi premiado por "O Reverso da Fortuna", próxima estréia no Bristol. Zebras houve poucas: a maior foi o Oscar de melhor filme estrangeiro para a produção suíça "Journey of Hope", quando o favorito era "Cyrano de Bergerac", que com cinco indicações ficou apenas com um prêmio: guarda-roupa (Franca Squarciapino). "Ghost, do outro Lado da Vida" - o azarão do páreo em termos de qualidade (só o fato de estar a caminho da bilheteria de US$ 300 milhões pode justificar sua inclusão) acabou levando dois bonecos: merecidamente para Whoopi Goldberg como atriz coadjuvante; imerecidamente para o roteiro original de Bruce Joel Rubim - neste caso Woody Allen ("Alice", ainda inédito no Brasil), mais uma vez escamoteado pelos membros da Academia, que não lhe perdoam pela desfeita há 14 anos, quando se recusou a receber o prêmio que teve por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa". A Máfia em baixa! "Os Bons Companheiros" (Cinema I, em reprise) só conseguiu um Oscar - para Joe Pesci como melhor coadjuvante. "O Poderoso Chefão III" (Cine Condor, Lido II, Palace Itália), com 7 indicações, não levou nenhum prêmio. Outra zebra na noite: a desconhecida Kathy Bates foi premiada como melhor atriz por "Misery" - até agora sem lançamento anunciado para o Brasil. De qualquer maneira foi preferível ver a premiação de Kathy Bates do que a consagração de Julia Roberts, que apesar de ser "Uma Bela Mulher", não merece, ainda, este troféu. Meryl Streep, indicada ao Oscar pela sétima vez (e já premiada duas vezes), não compareceu: está grávida de seis meses, detalhe que ninguém contou durante a transmissão. "Dick Tracy" acabou levando três Oscars: maquiagem (John Caglione Jr. e Doug Drexler); direção de arte (Richard Sylbert e Rick Simpson) e canção tema - "I Always Get my Man" (Stephen Sondheim), que mesmo sendo defendida por Madona, ainda foi melhor do que outras ameaças que pairavam nesta categoria cada vez mais empobrecida. Já imaginaram um rock pavoroso como "Blazes of Flory" (Jon Bon Jovi) do western pop "Jovem Demais para Morrer" ser premiado? Aos nostálgicos, quem mereceria a premiação seria Harry Connick Jr., pelo suave "Promise me You'll Remember", tema de Carmine Coppola para "O Poderoso Chefão III", que ganhou letra nesta terceira parte da saga da família Corleone. Em matéria de trilha sonora, John Barry colocou mais um troféu em sua coleção, pela trilha (belíssima) de "Dança com Lobos" - ainda inédita em disco no Brasil. Quem acompanhou o rastolho da XIII Mostra Internacional de Cinema, no ano passado, no Cine Ritz, ali viu o delicioso curta-metragem que acabou ganhando o Oscar na categoria: "The Lunch Date" (Alam David). Em compensação, os outros premiados dificilmente serão vistos por aqui: "Days of Waiting", de Steven Okazaki (documentário curta-metragem); "American Dream", de Barbara Kopple / Arthur Cohn (documentário longo) e "Creature Comforts", de Nick Park (desenho animado). "Caçada ao Outubro Vermelho" levou um Oscar técnico: montagem de efeitos sonoros (Charles Campbell / Richard Franlim). O Prêmio Irving Thalberg este ano foi para dois produtores de sucesso - Richard Zannuck (filho do lendário Daryl) e David Brown - que, aliás, entrevistamos há alguns anos, quando esteve no Rio de Janeiro para o lançamento de um de seus filmes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
27/03/1991

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