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Luís Renato, a arte de inovar no vídeo

Luiz Renato Ribas é daquelas pessoas que nasceram abençoadas por uma "bendita intranqüilidade". Intranqüilidade que o fez, desde adolescente, ser uma pessoa repleta de idéias, com muitas motivações, fazendo coisas - que dando certo ou não, sempre tocou para frente. Por exemplo, quando a televisão começava a engatinhar no Paraná, teve a idéia de criar uma publicação que informasse aos primeiros possuidores da "máquina de fazer louco" (como Stanislau Ponte Preta definia a novidade) da programação ao vivo e dos "enlatados" que a TV Paranaense apresentava, nos tempos em que os estúdios da organização (?) do pioneiro Nagib Chede, funcionavam num kitchnet do edifício Tijucas. "TV Programas" acabou se firmando como uma revista disputadíssima, editada por mais de 10 anos por Renato e seu sócio, Rubens Hoffman - e teve grande circulação. Mais tarde, Renato sentiu que a evolução do mercado exigia uma gráfica sofisticada, capaz de prestar trabalhos especiais. Nascia assim a Digital - em sua área, uma das maiores e melhores do Estado - graças a competência técnica de Hermes Astor Soethe, vindo dos tempos heróicos da "Panorama", revista fundada por seu pai, o velho Adolpho Soethe. Do trabalho na Digital, Renato notou que precisava fazer uma publicação para o meio publicitário - e surgiu a "Direta", que circulou por alguns anos e fez edições históricas, inclusive uma, referencial histórica da propaganda no Paraná, trabalho levado a frente graças ao entusiasmo de Silvinha Dias, - que se apaixonou tanto pelo jornalismo publicitário que hoje é a editora do suplemento "Espaço de Comunicação", publicado quinzenalmente em "O Estado do Paraná" e coordenadora das premiações dos melhores da propaganda. Em suas habituais viagens ao Exterior, Luiz Renato foi um dos primeiros a perceber as potencialidades da era do videotape e assim, em 1979 - quando ainda poucos conheciam esta inovação - criou uma associação, reunindo os primeiros curitibanos que tinham adquirido aparelhos de vídeo e, entre si, permutavam as fitas que conseguiam obter. A associação prosperou graças ao espírito organizado e a visão de Luiz Renato que, tão logo a Sharp e a Philips começaram a fabricar aparelhos no Brasil, também transformou a associação em empresa - nascendo a locadora Tape Club do Paraná (mas nem por isto abandonando o Tape Clube do Paraná). De uma sala que ocupava no prédio número 217 da Rua Padre Anchieta, o Disc-Tape ganhou uma ampla casa na mesma rua, duas quadras abaixo - número 478, que se tornaria a primeira e maior locadora de Curitiba. E nestes anos em que o mercado esteve se consolidando, Luiz Renato continuou a inovar. Fundou a primeira entidade dos proprietários de locadores buscando o diálogo com a Receita Federal (ele próprio, ex-funcionário do Ministério da Fazenda), o Concine e a Polícia Federal, e soube se ajustar aos novos tempos. Se no início, a pirataria era um mal necessário (e se assim não fosse, inexistiriam condições para o mercado crescer), quando a legislação chegou, Luiz Renato soube fazer de sua empresa um modelo entre as locadoras. Se a exigência normal e justa do Concine contra as piratarias acabou com as "exclusividades" (hoje, qualquer locadora pode adquirir todas as fitas legalizadas existentes no Brasil), Renato raciocinou, acertadamente, que venceria quem melhor oferecesse serviços. O Disc-Tape foi o primeiro a dotar o tape-cheque e, numa inovação internacional, passou a funcionar 24 horas ininterruptamente. Até agora, Renato desconhece qualquer outra locadora - no Brasil ou Exterior - que não feche nunca. Agora, como resultado de sua recente viagem a Europa, Renato trouxe novidades e desde o dia 30 de dezembro o Disc-Tape entrou completamente na era da informatização: através do sistema de "Código de Barras", o cliente tem liberdade de entrar na área em que ficam as fitas, escolher as que deseja e levá-las sem maior burocracia, registrando-a no sistema de computação, dando seu código - e fazendo o devido pagamento. Poupa-se tempo, oferece-se maior liberdade ao público e aposta-se na confiança que esta faixa especial de clientes merece. Do alto de sua experiência na área do vídeo, Luís Renato admite que "o vídeo ainda é um segmento classe A". Em Curitiba, dos 70 mil proprietários de aparelhos (aproximadamente) existentes, menos de um terço freqüenta regularmente as locadoras - que no auge da pirataria, quando centenas de picaretas entraram no mercado nacional, chegou a ter mais de 120 pontos de Curitiba. Hoje são 65, com a tendência de reduzir mais, pois o Concine, através do inspetor chefe Mauro Vieira, está aplicando a linha dura contra os que insistem em trabalhar com fitas piratas. Na semana passada, foram interditadas as locadoras Real Vídeo Clube Ltda. (operada na rede de mercados Real), e a Nobel, que já haviam levado duas multas anteriormente. Nos próximos dias, pelo menos mais algumas locadoras deverão ser também interditadas - pois o Concine, por determinação expressa do presidente Roberto Farias, não vai ter paciência para com os exploradores das fitas ditas "alternativas". Quem tem competência e talento sobreviverá no mercado do vídeo. Os que pensavam que bastava fazer um estoque mínimo de fitas piratas, terão que, forçosamente, deixar a área. E as locadoras organizadas como a de Luís Renato Ribas e seu filho, Luiz Fernando; a Vídeo e a Master, de Odilon Guimarães (que instala uma terceira locadora nos próximos dias) procuram, cada vez mais, prestar melhor atendimento ao público, inclusive através de novas idéias que estarão sendo operacionalizadas nos próximos meses. LEGENDA FOTO - Luiz Renato Ribas: informática na locadora.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Vídeo/Som
8
28/01/1988

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