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Aramis

O pastor Abrahão e a poluição do Barigüi

Somente nesta semana é que a Superintendência dos Recursos Hídricos do Estado deve completar o levantamento que fez sobre a poluição do Rio Barigüi e seus afluentes. O Departamento de Pesquisa e Controle Ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente já tem concluído um detalhadíssimo relatório que aponta todos os locais em que há despejo de detritos industriais e orgânicos - responsáveis não apenas pela poluição deste rio, mas principalmente, pela deterioração do lago do Parque Barigüi. xxx Para levantar onde há lançamento de detritos no Barigüi e seus pequenos afluentes, uma equipe de seis homens da Secretaria do Meio Ambiente trabalhou duramente. Com botas, roupas impermeáveis, luvas e, principalmente muita disposição, percorreu mais de 40 quilômetros nos vários leitos da bacia hidrográfica do Barigüi. O Barigüi foi demoradamente estudado desde sua nascente - no município de Almirante Tamandaré - até o parque, num total de 16 quiulômetros. Em muitos locais, devido a falta de condições de percorrer as margens - os funcionários tiveram que entrar dentro de seu leito e fazer um trabalho de homens-rãs. xxx Interessantes conclusões no relatório que já está nas mãos do pastor Elias Abrahão, 46 anos, secretário do Meio Ambiente: apenas 1,6% da poluição é localizada em distritos industriais (evidentemente, que o índice poderá ser elevado - e isto o estudo da Surehma é que indicará). Em compensação, 39% dos pontos de poluição vem de galerias pluviais com esgoto - ou seja, os esgotos poluidores surgem a seguir - com 33,3%. Os esgotos in natura mostram 32,02% e os cursos d'água com esgoto que também poluem ficam com 15,5%. Pastor da igreja central adventista de Curitiba, professor, homem de amplo diálogo, Elias Abrahão, que substituiu há um mês a vereadora Marlene Zanin na Secretaria do Meio Ambiente, tem três grandes preocupações imediatas: como primeira etapa, estabelecer um projeto de conscientização ecológica da população que vive às margens do Rio Barigüi, para fazer com que se estabeleça uma colaboração efetiva da comunidade pela limpeza da área. Para tanto, Elias Abrahão, com sua experiência de magistério, acredita na necessidade da ecologia e defesa do meio ambiente seja estabelecida como matéria obrigatória no ensino do primeiro grau. Se dispõe, inclusive, de utilizando a boa equipe de técnicos da secretaria, desenvolver seminários com professores do município para que as aulas a respeito possam começar a curto prazo. A segunda meta de Abrahão é elaborar um projeto "real e coerente", capaz de sensibilizar o ministro Deny Schwartz, do Desenvolvimento Urbano, para que sejam canalizados recursos para o desaçoreamento do lago do Parque Barigüi - obra cara e para a qual, de momento não há recursos previstos. Sua terceira meta é a criação do parque do Bacacheri, ao redor do tanque, que até os anos 50 era um ponto espontâneo do lazer dos curitibanos. Nestas primeiras semanas em que está na Secretaria do Meio Ambiente, o pastor Abrahão já manteve reuniões com os proprietários das áreas a serem atingidas pelo parque e ouviu, com atenção, argumentos de todas as partes. Especialmente, um que tem muita validade: é justo que os donos dos terrenos, preservados até hoje da especulação imobiliária, recebam indenização agora que o município pretende fazer aquilo que já deveria ter sido realizado há mais de 10 anos: transformar áreas verdes, bosques e o próprio lago (que terá que ser refeito) num parque de cuja necessidade não há quem discorde.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
25/06/1986

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