A tese do parto (de cócoras)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de janeiro de 1977
Os médicos Moyses e Cláudio Paciornik já terminaram a primeira redação de uma inflamada tese intitulada (provisoriamente) de "Responsabilidade e comodidades da vida civilizada na deterioração do parto e do desempenho sexual humano", que será levada este ano a pelo menos três importantes congressos médicos: 23a Jornada Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, em São Paulo, congresso sul-americano em Cali, Colômbia, em maio e ao congresso mundial de reprodução humana, em Tel Aviv, em outubro. Neste trabalho, os Paciornik sintetizam três anos de pesquisas ginecológicas junto a 13 reservas indígenas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde observaram o sistema de parto de cócoras, empregada pelas mulheres. Os resultados são tão satisfatórios que hoje o método é empregado na Maternidade Paciornick, onde mais de 100 mulheres já tiveram filhos desta maneira, sem problemas e inclusive com maior redução de despesas.
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Embora não deseje revelar o conteúdo da tese antes de sua apresentação oficial, o professor Moyses Paciornick confirma que na mesma procura comparar o comportamento espontâneo, sem falsos temores, das índias,em sua naturalidade no parto, com o medo que condiciona a mulher civilizada razão de muitos problemas.
Aliás, o parto de cócoras não é novidade, pois muitos povos primitivos já o empregavam com sucesso. "O que ocorreu, diz Paciornick, foi que a partir de 1865, um médico francês, Mourisseau, achou por bem de adotar o sistema vertical, talvez mais fácil para os médicos trabalharem mais indiscutivelmente menos natural para o desenvolvimento normal de um nascimento".
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Uma frase de Paciornick define bem os dois sistemas: "o parto tradicional, é como empurrar um carro numa subida. No parto de cócoras, é o mesmo que soltar um carro numa descida".
LEGENDA FOTO 1- Moisés
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