Login do usuário

Aramis

Uma jam-session histórica e os lps das boas cantoras.

Entre as múltiplas séries de jazz que apareceram recentemente no Brasil, uma das mais auspiciosas é a "Collector's Item", da Mainstream Records aqui representada pela Tapecar. Embora, sem uma apresentação mais didádita, dentro desta série temos dois importantes volumes, um dos quais do maior significado histórico "Daahoud" com o baterista Max Roach, 40 anos e o extraordinário pistonista Cliford Brown (1930/1956). O volume 364 da "Collector's Item" é um lp também importante por reunir instrumentistas do melhor nível, embora nem todos conhecidos do público brasileiro: os saxofonistas Stan Getz e Gerry Mulligan são as "vedetes" desta gravação, com formações diferentes em cada núcleo de [músicas]. Assim temos em "Diaper Pin", "As I Live In Bop" e "Interlude In Bepop" Getz no sax-tenor, acompanhado por Jymmy Raney na guitarra, Al Haig no piano, Clyde Lombardi no baixo e Charlie Perry na bateria. A faixa "Stoned" do saxofonista Wardell Gray, é apresentado por ele no tenor, mais Al Haig ao piano, Lombardi no baixo e Charlie Perry na bateria. O clássico "In A Little Spanish Town" de Jimmy Raney, é vocalizado pelo [próprio] autor, que também canta outro de seus temas, "Talk A Little Bop", Sleepy Time Gal" [e] "Birdland Jump" são apresentados por um quinteto com a seguinte formação: Paul Quinichette (tenor), Fredie Green (guitarra), Kenny Drew (piano)[,] Gene Rainey (baixo) e Gus Johnson Junior (bateria)[.] Finalmente, "Hot Halavah" e "In The Merry Land Of Bop" são vocalizadas por Dave Lampert e Buddy Stewart, destacando-se nas secções de metais Gerry Mulligan no [sax-barítono], Benny Green no trombone e Blossom Dearie e Alien Fager no sax-tenor. Pela importância de Clifford Brown no jazz moderno e exiguidade de suas gravações no Brasil, a Tapecar, poderia ter fornecido na contracapa deste "Daahoud" alguns dados que conscientizassem o comprador da importância do disco que agora tem chance de incorporar a sua coleção por Cr$ 40,00. Gravado possivelmente em 1955, Clifford Brown ao pistão é acompanhado na bateria pelo extraordinário Max Roach, no sax tenor por Harold Land, George Morrow ao piano e Richie Powell no piano. A seleção para esta gravação histórica não poderia ser mais feliz: "Daahoud" e "Josyspring" do próprio Brown; "Mildama" de Max Roach, e mais três canções que todos conhecem: "These Foshish Things Reming Me Of You", (Link/Strachey/Marvell), "I Get A Kick Out Of You" (Cole Porter) e "I Don't Stand A Ghost Of A Chance With You", de Victor Young, que chegou a ganhar um Oscar. Realmente, este lançamento da Tapecar dá uma idéia do quanto existe de importante no catálogo da Maistran a espera de ser revelado no Brasil. A mesma etiqueta coloca também no mercado seis álbuns de vocalistas importantes, duas delas promovidas por recentes temporadas no Brasil: Sarah Vaughan e Anita O'Day. Com miss Vanghan, 50 anos, 31 de carreira, cada vez mais conhecida em nosso [país] onde tem vindo constantemente e apontada como uma das possíveis "herdeiras" de miss Ella Fitzgerald, temos um de seus melhores discos destes [últimos] anos: acompanhada por uma grande orquestra regida por Michel Legrand, vocaliza com rara perfeição alguns dos mais felizes temas do notável maestro compositor francês - uma das mais seguras afirmações da música internacional na segunda metade dos anos 60: "The Summer Knows" (o inesquecível tema de "Houve Uma Vez Um Verão"/Summer of'42", de Robert Mulligan); "Whare Are You Doing The Rest Of Your Life" (do filme "Tempo Para Amar" ... Tempo para Esquecer / The Happy Ending, de Richard Brooks); "Once You´ve Been In Love", "Hands Of Time" (Brian's Song", "I Was Bord In Love With You", "I Wil Say Goodbye", "Summer Me, Winter Me", "His Eyes, Her Eyes", ["]Pieces Of Dreams", "Blue, Breen, Grey and Gone". Já em "A Time In My Life", Sarah Vaughan é acompanhada por 15 instrumentistas de jazz (nenhum deles conhecido no Brasil), com uma seleção eclética: "Sweet Gingerbread Man", "Imagine", "Magical Connection", "Inner Citty co Blues", "Universal Priosioner", "That's The Way I've Always Heard It Should Be" "Tomorrow City", "If Nor For You", "On Thinking It Over" e "Trouble". Ignorada do público brasileiro por anos, a vocalista Carmen McRae, 52 anos, externas-crooner das orquestras de Benny Carter (1944), CountBasie (1945) e Mercer Elligton (1946), uma longa temporada nos clubes de Chicago, com um estilo entre Billie Holiday (1915-1959) e Anita O'Day, ressurgiu perante os jazzistas e fãs de música norte-americana com sua recente passagem por São Paulo e Guanabara. Aproveitando a oportunidade, a Tapecar lança dois dos lps de Carmen do catálogo da Mainstrean no primeiro, acompanhado por um trio formado por Norman Simmons (piano) Stuart Martin (bateria) e Victor Sproles (baixo), em repertório suave, com canções românticas como " My Ship Is Coming In" (Kurt Weill/Ira Gershwin), "Long Before I Knew You/Just In Time" (Camden/Green/Jules Styne), mas incluindo também 3 clássicos números de jazz: "Round Midnight" (Thelonious Monk), "I Got It Bad And That Ain't Good" (Paul Webster/Duke Ellington) e "Bye Bye Blackbird" (Ray Hinderson/Mort Dixon). Em Carmen's Gold", a produção foi bem mais sofisticada, com os maestros Peter Mats e Don Sebesky cuidando dos arranjos das 10 faixas, a partir do belíssimo (e sempre atual) tema de "Alfie", prosseguindo com "Who Can I Turn To", "he Music That Makes Me Dance", "Gentlemen Friend", "It Shouldn't Happen To A Dream", "Love Is A Night Time Thing", "Because You're Mine", "Cloudy Morning", "Limehouse Blues" e "Blame It On My Youth", Com uma carreira de mais de 20 anos, três lps lançados no Brasil na década de 50 ("For You, For Me, Fovermore", e Miss Morgana King"), Morgana King, 44 anos, americana de Plesantville, New York, e que marcou época como croooner em clubes sofisticados de Manhattan nos anos 50, reaparece com um lp esmerado, excelente seleção e onde o produtor Bobby Shad reuniu quase meia centena de instrumentistas de primeiro nível, para os arranjos suaves do maestro Torrie Zito. Nas seguintes [músicas]: "A Tast Of Honey" (Bobby Scott/Rick Malowe), "Fascinating Rhythm" (George & Ira Gershwin), "Prelude To A Kiss" (Duke Elligton/Irving Mills/Irving/Gordon), "Easy Living (Leo Robin/Ralph Rainger), "All Blues" (Miles Davis/Oscar Brown)"Bluesette" Jean Thielemanns/Norman Gimbel), "Easey To Love" (Cole Porter), "The Night Has A Thousand Eyes" (JerryBrianin/Buddy Berier) e "Lady Is A Tramp" (RichardRodgers/Lorenz Hart). Conhecidíssima no Brasil, a vocalista Diana Rossa - promovida à categoria de superstar após "O Ocaso de Uma Estrela" (The Lady Sings The Blues, 72, de J. Lee Thompson), tem seu novo lp ("Last Time I Saw Him", Tapecar/Motown), bastante diferente dos anteriores, com uma seleção de [músicas] de autores menos familiares que os indefectíveis Burt/Bacharach que garantiram seus primeiros sucessos. Assim da dupla Michael Masser/Pam Sawyer são "Last Time I Saw Him" e "No One's Gonna Be A Fool Forever", em arranjos de Michael O'Martin e Gene Page; de Tom Bair/Nick Zesses/Dino Ferakis é "Love Me"; de Ron Miller/Terry Eltinger, "Sleepin" e "You"; de Malvina Reynolds/Alan Greene e, ora viva! Harry Bellafonte ("Maldita") é Turn Around"; finalmente de Bob Gaudio (com diferentes parceiros), três faixas do lado B: When Will I Come Home To Tou", I Heard A Love Song" e "Stone Liberty". Finalmente, de Kenny O'Dell, é "Behind Closed Doors". De formação [jazzística] mas absorvido pela [música] cinematográfica nos últimos anos, o pianista-compositor Quincy Jones é hoje um dos nomes de maior prestígio do [catálogo] da A&M Records.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jazz
52
06/10/1974

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br