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Aramis

Bonilha fez sua mensagem com a pesquisa do futuro

Mesmo com atraso de algumas semanas, algumas mensagens de fim de ano merecem, pela originalidade, registro. Por exemplo, o sociólogo, professor e poeta (atualmente em recesso) Rogério Bonilha, 41 anos, uniu uma interessante pesquisa que fez sobre as esperanças (sic) dos habitantes de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre com um recado muito pessoal para fazer chegar aos seus amigos uma "Circular". xxx Diretor do Instituto Bonilha - que vem fazendo pesquisas de opinião pública com muita credibilidade (em 1986, foi uma das sustentações nas campanhas do PMDB tanto a Prefeitura de Curitiba como ao governo do Estado), Bonilha coordenou pessoalmente uma pesquisa sobre como o povo espera 1988. Os resultados foram terríveis! Nas classes A/B, 52% esperam o pior - proporção que cai para 48% entre as classes C/D. Apenas 14% (A/B) e 15% (C/D) são otimistas - melhor, 24% (A/B) e 23% (C/D) acham que será igual. Finalmente, 14% não sabem o que esperar neste ano. xxx Em cima desta realidade, Rogério Bonilha, 5 livros publicados, bom texto publicitário (profissão que ainda exerce eventualmente), escreveu uma mensagem que merece transcrição. xxx Que se vá o pão do pobre, que se vá o cafezinho da classe média e a Disneylandia do rico. O que tem de ficar é a esperança. Um povo sem esperança é um povo incapaz de reconquistar o pão, o cafezinho e os privilégios a que têm direito os que trabalham para alcançar e consolidar o progresso. Mas as pesquisas mostram que a esperança está se tornando cada vez mais rara - tal qual pão, café e avião o que faz de 88 um ano difícil e decisivo. Um ano para homens especiais - de grandes idéias e nobres ideais - capazes de transmitir para a sociedade, com convicções e vontade, através de ações seguras e de realizações lídimas, um mínimo de fé e confiança no futuro. xxx Outra original e bela mensagem foi a que o jornalista Fernando Albagli, diretor da Ebal e editor da revista "Cinemin" distribuiu em nome de sua família. Eis o texto dos mais significativos. xxx 1987. A gente sabe que foi um sufoco. Tá certo. Foi. A violência fez tantas vítimas que se tornou cotidiana e comum (mas houve gente acarinhando gente e fazendo vigílias solitárias). A poluição não permaneceu em seus limites físicos: assumiu contornos morais (mas aconteceram inaugurações de jardins e um motorista devolveu dois milhões que encontrou no banco traseiro do táxi). Prédios que varam as nuvens formaram barreiras de concreto, cortando passagem de ar e luz (mas associações de moradores impediram que derrubassem árvores e erguessem novas monstruosidades). Muitos se marginalizaram, esmagados pela concorrência da vida (mas tem criança nova chegando). A inflação e o desgoverno deceparam penúltimas esperanças (mas restaram as últimas). Dando-se as mãos, contribuindo com o esforço possível, dobrando dos poderosos, realizando o que se tem de alcance, a gente ainda pode ajudar a construir um muito mais feliz 1988.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/01/1988

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