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Aramis

O Caymmi independente

O mais jovem da musical família Caymmi - Danilo, 29 anos, só agora, apesar de todo o seu talento e prestígio, conseguiu fazer um elepê com 10 músicas próprias. E para isso Danilo investiu Cr$ 120 mil, "que eu não tinha e que estou devendo a bancos", para gravar e prensar as 3 mil cópias de "Cheiro Verde". A exemplo do que fez seu amigo, o pianista e compositor Antonio Adolfo, Danilo partiu para a chamada produção independente. Alugou os estúdios da Sono-Viso, de 8 canais, no Rio de Janeiro, reuniu bons amigos - tecladistas Helvius Vilela, Maurício Maestro e Cristovão Bastos, baixistas Novelli e Fernando Leporace, baterista Pascoal Meireles, guitarristas Nelson Angelo, entre outros - além da participação especial (e inesperada) de Airto Moreira ( que, em julho do ano passado, quando da gravação, passava pelo Rio, após rever seus pais em Curitiba) - e colocou na cera suas belas músicas. Gravado o disco e prensadas as cópias, Danilo agora está na estrada, chegou a Curitiba, para, em poucas horas, divulgar o lançamento e estabelecer contatos que possibilitem sua comercialização. xxx Já na segunda-feira, Danilo foi para Porto Alegre, mas em abril retorna, então com 3 músicos, para fazer uma temporada no Paiol e cuidar das vendas do disco. Sem dúvida, uma experiência nova para um artista, distante até hoje dos esquemas comerciais, em financiar o próprio disco e depois, "com a cara e a coragem" sair para o processo de distribuição e vendas. Mas, como Antonio Adolfo - cujo lp "Feito em Casa", inaugurou essa nova forma independente de trabalho - Danilo está entusiasmado com as perspectivas que oferece. Libertos dos esquemas de marketing das gravadoras multinacionais, num trabalho totalmente independente, Antônio Adolfo e Danilo Caymmi, nestes seus discos, puderam expressar-se de uma forma totalmente pessoal, fazendo exatamente aquilo que desejam. Correm os riscos financeiros mas tem também maiores possibilidades de comunicação - embora com um esquema altamente exaustivo. Ana Terra, esposa e letrista de Danilo, foi a grande estimuladora da produção do disco - e dá nome a sua etiqueta. Com Ana Terra, Danilo compôs "Pé Sem Cabeça", "Juliana", "Aperta o Outro", "Lua do Meio-Dia" e "Cheiro-Verde". Outras músicas trazem também bons parceiros: Ronaldo Bastos ("Mineiro" e "Codajás", que a mana Nana havia gravado em 75), João Carlos Pádua ("Racha Cartola", "Vivo ou Morto") e Nelson Angelo ("Botina"). xxx Flautista desde os 14 anos, na vida profissional a partir de 1968, um curso de arquitetura abandonado no 4º ano, mais de 400 participações em gravações diversas, Danilo anteriormente só havia mostrado seu trabalho de solista numa faixa do antológico "Caymmi Visita Tom" e em duas faixas de um elepê, dividido com Novelli, Beto Guedes e Nelson Angelo - por sinal, dois discos reeditados há pouco. Agora, com "Cheiro Verde", o mais jovem da família Caymmi mostra que se o velho Dorival prefere o repouso no Rio das Ostras, no Interior do Estado do Rio, do que os calos dos estúdios, seus filhos continuam no campo de batalha: Nana Caymmi, fez um belíssimo disco no ano passado, Danilo parte para o esquema independente com "Cheiro Verde" e o mano Dory é um dos mais requisitados arranjadores no momento
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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15/02/1978

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