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Aramis

Observatório

EM 1955, quando Ennio Marques Ferreira, Loio Pérsio e Manoel Furtado reuniram-se para criar a primeira para criar a primeira galeria de arte de Curitiba não imaginavam que estavam tentando estruturar uma nova espécie de relação artista-público. Na verdade, há um quarto de século surgia uma pequena loja na Rua Ébano Pereira - onde hoje existe mais um espigão disforme e antiestético que, direta ou indiretamente, influi por quase 15 anos na vida artística do Paraná. A Cocaco passou posteriormente para as mãos de Eugenia Petrius, hoje instalada com uma grande loja de móveis e objetos de arte na Rua Comendador Araújo, mas ficou a lembrança, a amizade de toda uma geração de artistas que, mesmo seguindo diferentes caminhos, tem, entre si, a nostalgia de uma época feliz e, mesmo nos desencontros, feliz a todos que dela tiveram a felicidade de participar. Sábado, numa chácara no município de Piraquara, houve um reencontro informal de alguns dos participantes da chamada "geração Cocaco". Evidentemente muitas ausências. Muitos por estarem em outros Estados - como Juarez Machado, Paulo Gnheco, Alcy Xavier etc., ou outros países como Franco Giglio, agora com seu atelier nas margens do lago de desengano del Garda, em Brescia, na Itália. Mas o importante é que os artistas que ali se reuniram, ao longo de um honesto churrasco embalado por dois barris de chopes, tinham muitas estórias a lembrar, de exposições e saudáveis boêmias, que se prolongavam quando a Cocaco cerrava suas portas, pelos bares do centro de Curitiba, numa época em que a cidade tinha espontâneos pontos de encontro - bares de mesas encardidas mas calor humano, com boêmios históricos, enfim, uma época que ficará na retina de todos que nela estiveram. LEGENDA FOTO 1 - Ennio Marques. Xxx ENTRE os compositores brasileiros, Marlos Nobre, 41 anos, que implantou e dirigiu por 3 anos o Instituto Nacional de Música, é hoje o de maior prestígio no Exterior. Considerado um novo Villa-Lobos, Marlos tem sido requisitado para compromissos internacionais com tanta regularidade que pouco tempo lhe sobra para permanecer entre nós. Ainda agora está retornando de sua quinta viagem à Europa neste ano, tendo cumprido compromissos em Paris e Genebra. Em Paris, como membro do júri internacional do XXII Concurso Internacional de Guitarra organizado pela Rádio France e no qual uma das obras impostas no programa tem sido a sua "Homenagem a Villa-Lobos", editada pela Tonos Internacional, de Darmstadt. Em Genebra, Marlos foi alvo de uma grande emissão na Rádio Suisse Romande, com duração de 3 horas, inteiramente dedicada a sua obra. Ao lado de "Variações Ritmicas", "Sonancias I" e "Rhythmetron", houve a primeira emissão mundial de "Sonância n. 3". A crítica a estréia de "Sonancias 3" foi consagratória para o compositor brasileiro e entre os mais entusiásticos elogios foi o de Paul Druey, da "Tribuna de Genebra", escrevendo: "Brasileiro de passaporte, mas de fato engajado na música sem fronteiras que é a sua verdadeira pátria". Anteriormente a concerto em Genebra, Nobre esteve na Itália onde o conjunto Antidogma Música, de Turim, apresentou, no 3o Festival Internacional de Música Antiga e Contemporânea, suas obras "Canticum Instrumentale", "Ukrinmakrinkrin", "Três Momentos" e "O Canto Multiplicado". Em dezembro, Marlos volta pela 6a vez em 1980 à Europa: a convite do concurso internacional de composição de Ancona integrará o júri internacional, ao lado de Petrassi, Gerecki, Guaccero, Szollosj, Vlad e Englert. E ainda em dezembro, o Choer des XVI de Fribourg estréia em Genebra a sua recente obra "Yanomani" para coro misto e guitarra, escrito há 5 meses. De janeiro, a março de 1981, Marlos estará trabalhando em novas composições, como residente da casa de Brahms, em Baden Baden, RFA. LEGENDA FOTO - 2 Marlos Nobre.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
12/11/1980

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