Chaves, candidato ao Senado?
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de fevereiro de 1978
O senador Francisco Leite Chaves, 48 anos que no jogo do Londrina contra o Vasco da gama, chegou a entrar, sob vaias, em campo, junto com a equipe paranaense, não pode acompanhar o Tubarão a Belo Horizonte. Foi obrigado a comparecer a uma importante reunião do MDB, em Cornélio Procópio, onde já apareceram seis novos candidatos para a Assembléia legislativa e dois outros a Câmara federal. leite Chaves voltou a tempo, entretanto, de assistir no confortável hotel Bourbon a partida realizada no Mineirão e, ao lado do deputado Álvaro Dias, elogiar a atuação dos jogadores, mesmo com resultado adverso. De política ele só falou depois do jogo.
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Muita gente não entendeu, mas Leite Chaves reafirma: se o deputado Nelson Maculan não aceitar disputar pela terceira sublegenda do MDB o Senado, ele próprio vai concorrer novamente. A legislação eleitoral permite que dispute a eleição e, caso vitorioso, renuncie ao atual mandato: seu suplente, Euclides Scalco, cumpriria os 5 anos restantes e ele ganharia mais oito anos. São as três razões que leite Chaves tem para esta surpreendente posição: 1) numa eleição majoritária, o partido não pode deixar de preencher todas as brechas; 2) tanto Enéas Faria como José Richa, candidatos virtuais ao senado, tem muito prestígio mas, se não houver um terceiro candidato, uma faixa poderá ficar desmotivada; 3) de qualquer maneira ele, como senador do MDB, terá que percorrer todo o estado, em campanha. Assim, caso não haja um terceiro candidato, está disposto a testar o seu prestígio e recandidatar-se. Com tranquilidade de quem não tem nada a perder.
O deputado federal Nelson Maculan já declarou a vários amigos que disputará pela terceira sublegenda do MDB também a cadeira ao senado. E José Richa, ex-prefeito de Londrina, tem como irreversível a sua colocação no páreo. Com a vantagem de ter, há 8 anos passados, feito a mesma campanha, mas sem uma estrutura financeira que agora, seus amigos, estão prometendo montar. As resistências ainda existentes contra o nome de Richa - lembrando as suas origens da JDC-PDC, como homem de confiança do ministro Ney Braga, estão sendo, pouco a pouco, vencidas, pois o MDB entende ser ele o grande líder, em termos de Norte do Paraná, para garantir a vitória da oposição na campanha ao Senado.
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Uma campanha ao Senado, para cada um dos candidatos, não ficará em menos de Cr$ 2 milhões, importância, obviamente, que nenhum deles dispõe. José Richa, formado em odontologia mas que nunca fez nenhuma obturação deixou a Prefeitura de Londrina e vem lutando para consolidar uma firma de planejamento urbano, em sociedade com antigos assessores municipais. Enéas faria, formado em direito mas também sem experiência forense, não dispõe igualmente de recursos. Assim, só através do apoio de companheiros, de sólidas posses, poderão ser estruturadas as campanhas. Há 4 anos, Leite Chaves disputou a campanha com recursos próprios: próspero advogado e empresário, incorporador do Com-Tur, planejava gastar inicialmente Cr$ 750 mil e acabou investindo o dobro. No final da campanha, quase sem fôlego, foi obrigado a se desfazer de algumas propriedades - inclusive um luxuosos apartamento, no centro da cidade, que valia Cr$ 700 mil e que vendeu por Cr$ 250 mil.
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Leite Chaves, que passou 45 dias em Nova Iorque no final de 77, como delegado observador na assembléia-geral da organização das Nações unidas, não abandonou completamente suas atividades empresariais. Como incorporador do Com-Tur, trata agora da segunda etapa do grande projeto, que prevê a vinda do grupo Sears, para ocupar novas alas do centro comercial e a construção de um hotel internacional, pelo grupo Holiday Inn.
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