Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de março de 1974
Qual o fã de (bom) cinema que pode imaginar o expressivo Jack Palance (foto), aos 54 anos, 24 de cinema, 21 após o seu primeiro e marcante papel - o pistoleiro Wilson, em "Os Brutos Também Amam" (Shane, 1958) de George Stevens - para muitos, com razão, apontado e como o mais perfeito western da historia do cinema - voltar em trajes negros, como naquela obra-prima, mas de uma forma ridícula, apito na boca, comandado um bando de desorganizados essencias e parecendo muito mais o diretor de bateria de uma humilde escola de samba de Curitiba, tentando afinar os desarmoniosos percussionistas, do que liderando um grupo de "gunfighters? Esta imagem é a que fica após assistir "Poço de Ódio"(cine Glória, hoje último dia), lamentável momento da cinematografia do irregular e aproveitador Staley Kramer. Aos 61 bem vividas anos, Kramer teve um digno trabalho de produção - entre os quais se destacam "O Campeão"(1949), "Espirito Indômitos" (The Men, 1950), "Cyrano de Bergerac"(1950), "Matar ou Morrer" (52), "A Morte de Caixeiro Viajante"951) , "O Selvagem"(54) e "A Nave da Revolta" (54). A partir de "Não serás um Estranho" (Notas e stranger, 54), iniciou uma agressiva carreira de produtor-diretor, esvoaçando sempre em torno de temas contestatorios, atuais - o que o fez de suas fitas, geralmente com nomes famosos e largos recursos de produção - grandes sucessos de bilheteria: o racismo em "Acorrentados" (The Defiant Ones) em 1957; o terror atômico em "A Hora Final" ( On The Beach, 1958); a intolerância de idéias em "O Vento Será Tua Herança" ( Inherit the Wind, 1959); a revisão do nazismo em "Julgamento em Nuremberg" (Judgment at Nuremberg, 1960), para só citar alguns exemplos. Após uma respeitável tentativa de fazer renascer a comedia pastelão em "Deu a louca no mundo" (It`s a Mad, Mad, Mad World, 1963) e um sincero western ("Convite a Um Pistoleiro", 1964), a filmografia de Kraner continuou a decaír, até chegar ao mais lamentável ponto em "Advinhe Quem Vem Para Jantar", em 1967, que apesar de ter tido o mérito de reunir, pela ultima vez, o magnifico Spencer Tracy ao lado de Khatherine Hepburn, foi um dos mais desonestos filmes aparentemente integracionistas - numa época em que a questão dos Direitos Civis pegava fogo nos Estados Unidos. No ano passado, após uma bucolica retração, mr. Kramer retornou, surpreendentemente, com um filme que a principio parecia não estar ligado a nenhuma manchete de jornal, como sempre ocorreu em sua carreira. Mas coincidência ou não, a guerra Arabes-Judeus, faria com que no Lançamento deste "Okiahoma Crude", o assunto voltasse a atualidade, apesar do retrocesso de 50 anos que o roteirista Marc Norman colocou a história: a decisão de uma mulher, Lena (Faye Dumawal) em explorar um poço de petróleo no Estado de Oklhaoma, apesar das pressões de uma poderosa companhia, defendia pelo ridicurlarmento cruel Hellman (Jack Palance), e que a isola - ao lado de seu desprezado pai, Cleon (John Mill) e um aventureiro, Mase (George C Scott), numa luta angustiante. O tema é tratado de forma ôca, não chegando a nenhum dos outros clássicos na expressiva filmografia do petróleo no cinema, que já conta com alguns clássicos. Infelizmente, não fui ainda desta vez que o diretor Kramer reconciliou-se com o importante produtor Stanley, que possibilitou o cinema ter no mínimo duas obras-primas: "Death of a Salemar", de Lario Bennedeck, da peça de Arthur Milher e "High Noon" de Fred Zinnemann. Vamos esperar a próxima manchete cinematografia do diretor-produtor Kramer e ver o que acontece!
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