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Aramis

Do Jazz com Calazans

SALVADOR, 10 (via Telex - Vasp) - No atelier de sua bela casa, na Rua das Amoreiras, numero 9, em Itapoã, a cinco minutos (a pé) da casa de seu amigo. Vinícius de Morais - que só volta a Bahia na próxima semana, após sua temporada em Buenos Aires e alguns dias na Guanabara - o gravador Calazans Neto voltou ontem, segunda-feira, a trabalhar no projeto que agora finalmente ganha forma: o álbum "Do Jazz". Há quase dois anos, Calazanas e sua esposa, a simpática Auta Rosa, estiveram nos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado. Posteriormente, em setembro de 74, o casal voltou a viajar ao Exterior, quando Calazans fez uma individual numa das mais sofisticadas galerias de Londres. "Com o dinheiro que ganhei dos ingleses, passei três meses conhecendo a Europa", conta Calazans, que esteve 90 dias viajando "por todos os cantos", junto com a esposa e o casal Jorge (Zelia) Amado. "Desde então estou querendo fazer um álbum de gravuras, evocativas, de Nova Orleans", cidade que o entusiasmo em sua visita aos Estados Unidos. A necessidade de apressar este trabalho veio da próxima inauguração da galeria de arte do Instituto Cultural Brasil - Estados Unidos, onde estará expondo além destas gravuras, também fotos de sua passagem pela Terra do Jazz. Para este novo álbum - o sexto que lança através de sua editora, a Macunaima - Obras de Arte, fundada há 15 anos, ao lado do Glauber Rocha - Calazans preferiu trabalhar em nova técnica: buril e ponta sêca, sobre metal. Com isso a tiragem a será limitada a 50 exemplares, todos já reservados Cr$ 1.500,00 cada). O texto é do jornalista Luiz Orlando Carneiro, do "Jornal do Brasil", um dos maiores especialistas em jazz e cultura negra do Brasil, amigo de Calazans há muitos anos, "desde quando ele dirigia a revista "cadernos Brasileiros", da qual era editor Clarival do Prado Valadares". Até domingo, Calazans havia aprontado as chapas e ontem iniciou e difícil de tirar as cópias: após cada impressão, é necessário a limpeza completa das chapas, a fim de garantir a máxima perfeição. O romancista Jorge Amado, que já trabalha em novo livro, mas cujo título, tema ou detalhes não revela a nem seus mais íntimos amigos, "Nem a mim", queixa-se Calazans, amigo e personagem do mais famoso escritor brasileiro, apareceu no domingo pela manhã na residência do gravador, apesar da violenta chuva que caiu inesperadamente, refrescando o calor de 30o deste verão baiano. Antes mesmo do álbum "Do Jazz" ficar pronto, o capista Celestino dos Anjos, um artesão de grande habilidade, aprontou as esmeradas capas, que guardarão as cinco gravuras. Mas pouco manterão as preciosas gravuras, neste invólucro: por sua beleza, merecerão molduras especiais, enquanto alguns exemplares dos álbuns, reservados por galerias do Rio e São Paulo, serão vencidos com as gravuras avulsamente que custam, baratíssimo, nesta tiragem do autor: Cr$ 1.500,00. Calazans faz questão de salientar que não é nenhum experto em jazz. Curte a música de Nova Orleans, como curtiu a cidade - talvez a mais original e simpática dos Estados Unidos, uma espécie de Bahia americana em que o povo, fruto da colonização africana (escravos), francesa e espanhola - a predominação anglo-saxonica é mínima - no Viex Carré, seu bairro tradicional, em plena Bourbon Street, dança nas ruas, bebendo muito vinho de maçã, comendo milho verde, ao som do melhor jazz que se escuta ao longo dos dois quilômetros da mais musical avenida deste Planeta. LEGENDA FOTO 1 - Calazans LEGENDA FOTO 2- Amado
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
11/03/1975

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