Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de outubro de 1987
Beleza se põe no prato da radiola. A fórmula funciona para alguns produtos que insistem em promover certos galãs boas pintas mas de limitados recursos canoros. Há 10 anos, Sidney Magal, atlético, sensual, na linha de John Travolta chegou a faturar bastante. Mas o tempo passou e ele foi esquecido. Não totalmente, tanto é que volta pela Som Livre ("Mãos Dadas"), com um repertório repleto de versões.
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Marcelo é outro cantor-gatão que tem merecido sucessivos investimentos promocionais. A EMI/Odeon continua a acreditar em suas possibilidades de mercado e o lança em um novo disco, produção cuidadosa e repertório feitinho para o consumo com faixas como "Olhos Diamantes", "Gata Feiticeira", "Overdose" etc.
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Enquanto Fábio Jr sofre problemas de saúde - o que o afasta um pouco do mercado (mas não reduz seu público), a Continental "inventa" um outro Fábio, que é testado num mix com as faixas "Stella" e "Magia". Será que emplaca?
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Outro garotão que também agrada mais pelo visual do que pelo vocal é Conrado. Quem acreditou na sua possibilidade comercial foi a RCA que o lança num elepê produzido por Reinaldo Britto. No repertório, também músicas de fácil consumo como "Pelo Retrovisor", "Claridade", "Cat Geral" e "Brilho da Noite", entre outras. Paulista de Ribeirão Preto, 19 anos, vindo da televisão, Conrado Fernandes Antunes admite ser o resultado de "influências contemporâneas" - de Raul Seixas aos Rolling Stones.
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Entre outras caras novas, um veterano: Belchior. Também boa pinta bigodão siciliano, este cearensa tem uma linha muito própria de compor. São letras imensas apropriadas para o seu estilo de menestrel. Há um público fiel e que aguardava ansiosamente seu retorno a Polygram - onde esteve no início da carreira. Em "Melodrama" estão suas novas composições como "De Primeira Grandeza", "Bucaneira" (esta com dois parceiros: Caio Silvio e Gracco); "Em Resposta a Carta de Fã", "Luz Zen", "Os Derradeiros Moicanos" (parceria com Moraes Moreira), "Tocando por Música" (parceria com Jorge Mello) e "Jornal Blues" - com o subtítulo de "Canção Leve de Escárnio e Maldizer".
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Antecipando a estréia de "La Bamba", o maior sucesso do momento nos EUA (US$ 14 milhões em duas semanas de exibição), a Polygram lança a trilha sonora desta biografia de Ritchie Valens (Richards Valenzuela), o jovem chicano que estava começando a aparecer como cantor de rock, quando morreu, em 1959, aos 17 anos, no mesmo desastre de avião em que desapareceram Buddy Holly e The Big Bopper. Los Lobos recriam os três maiores sucessos de Valens - "Gome On Lets Go", "Donna" e "La Bamba", esta já um sucesso, nos anos 60, também com Trini Lopez.
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Como outubro é o mês da Criança, os discos se multiplicam: a baiana Mara, do programa "Maravilha", estréia em lp, com participações especiais de Baby Consuelo (vocal) e Pepeu Gomes (guitarra - em "Bola de Cristal". Animada, suave, Mara é bem mais agradável do que as Xuxas da vida e este seu disco (SBT/Odeon) deve ampliar ainda mais seu sucesso.
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Já Os Abelhudos também atacam com um novo disco, incrementado, para o público infantil. Produção cuidadosa de Jorge Davidson, da Odeon, supervisionado por Renato Correa, pai dos jovens artistas, traz canções falando de robôs, animais, ecologia e até um gostoso "Vampirinho". Afinal, os garotos de hoje não podem aceitar mais músicas que não lhe falem de uma realidade imediata. Os Abelhudos, bem orientados, procuram entrar nesta rica faixa de mercado. Com Xuxa vendendo mais de dois milhões de cópias de seu disco, tem que sobrar algo para os concorrentes...
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Apesar do sobrenome ele é havaiano: Glenn Mederios apareceu com "Nothing's Gonna Chance My Love For You", da dupla Michel Masserg/Gerry Goffin, que anteriormente já haviam impulsionado a carreira de Whitney Houston. Há um ano, Glenn era apenas um dos candidatos num concurso de calouros da KMAI-94, em Honolulu. Ganhou e gravou "Nothing's...". A música emplacou, logo faria um disco num selo independente e chegaria a Polygram internacional, que agora o exporta para vários países. Além de cantor, Glenn toca piano, guitarra, clarinete e saxofone.
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Apesar de "It's Time For" ser o 10º elepê de Jonathan Richman à frente do The Modern Lovers, nem por isto ele é conhecido entre nós. Bem verdade que nos EUA, tem o seu prestígio, com músicas que trazem letras simples que tanto podem narrar as aventuras de um fim-de-semana quanto uma visão de um OVNI. Adepto da alimentação vegetariana, Jonathan é uma espécie de "cult artits" junto a certos círculos. Seu prestígio aumentou quando Joãozinho Podre, do grupo "Sex Pistols", disse que "Roadrunner" de Richman era a única música que suportava ouvir. "It's Time For" (WEA) é um disco bem americano, como o marshmallow, o hamburger ou um copo duplo de chocolate com malte (título, aliás, de uma das faixas do LP). O country e o folk estão presentes em "It's You", "When I Dance" e "Shirin & Fahrad".
LEGENDA FOTO - Belchior: novos parceiros.
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