Gil, uma curtição! (com muito talento)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de março de 1975
Cada novo disco de Gilberto Gil é um acontecimento novo. O mais incrível e criativo instrumentista da geração baiana D.J.G. ( depois JOÃO GILBERTO), o antigo parceiro de Caetano Velloso, busca sempre novas formas, novas estruturas em seus trabalhos. Não se trata de gostar ou não de suas propostas musicais, mas reconhecer a sua vitalidade extraordinária. Particularmente não nos incluímos entre os fanáticos defensores do chamado grupo "baiano" e preferimos, talvez por uma questão de idade e nostalgia, a musica que se pode acompanhar em letra e harmonia. Mas nem por isto pode-se negar a Gil os seus méritos de excelente instrumentista e compositor inspirado, capaz de sempre apresentar um trabalho merecedor de atenção de quem se preocupa com os caminhos da nossa musica popular.
Seu penúltimo lp - o último, já deve estar saindo esta semana - foi o lp "Gilberto Gil ao Vivo", previsto inicialmente para um álbum duplo, mas que afinal acabou saindo como um disco simples (Philips, 6349124, série de luxo, Dezembro/74). Como o lúcido Luís Augusto Xavier, "disc-review" do "Diário do Paraná" acentuou em sua coluna dominical, este trabalho tem que ser ouvido como um documento sonoro de uma fase do trabalho atual - ou melhor, do ano passado, pois a cada mês o incrível Gil busca novas fórmulas, sempre "buscando aperfeiçoar o imperfeito e abandonando o perfeito". Gravados ao vivo no Teatro Tuca, em São Paulo, com arranjos próprios e produção de Perinho Albuquerque, um dos seus maiores amigos, este "Gilberto Gil ao Vivo" tem a estrutura de um autentico disco de jazz, com apenas seis longas faixas - o que condenou esta gravação a ficar - o que condenou esta gravação a ficar excluída das programações radiofônicas (a não ser audições especiais, como programas das rádios Iguaçu, Ouro Verde e Estadual). Com toda a liberdade musical que, ao menos em seus shows não abre mão, Gilberto Gil procura extrair todas as potencialidades de suas composições, que embora já conhecidas, são praticamente recriadas a cada nova interpretação. Assim temos "João Sabino", num longo arranjo (improvisado (de 11:32"), "Abra o olho"(4,49"), "Lugar Comum"( em parceria com João Donato, 4'48"), "Menina Goiaba"(6'50"), "Sim, Foi Você" (Caetano Veloso, 5'54") e "Heroi das Estrelas" (Nelson Jacobina Jorge Mautner, 6'02"). Um disco-documento importante de uma fase musical brasileira. E também da carreirra de Gilberto Gil.
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Vamos registrar alguns compactos simples lançados nos últimos suplementos: pela CBS, Neil Diamond, cantor com obra oscilante em várias etapas, com duas novas composições: "Reggae Strut", e "Longfellow Serenade".
* A Epic Records, distribuída pela CBS, com gente nova e desconhecida: o grupo Redbone com "Suzi Girl" e "Breaded Dreams Through Turquoise Eyes", e mais Hovaness Hagopian com "Hariem Song" (instrumental) e "Harlem Song".
* Ainda pela Epic, aparece Bertice Reading com "Lean On Me" e "Sunday Morning", composições próprias.
* A PYE, gravadora inglesa distribuída pela Chantecler, surge com Joe Dolan cantando "16 Brothers" e "Hush Hush Maria"; Peter Wilson, com "Big Man" e "barefootin".
* Outra gravadora distribuída pelo grupo Continental, a Hispavox, tem como um de seus novos astros o espanhol Miguel Rios, que canta agora "Sweet Califórnia" e "Por Si Necessitas", composições próprias, é claro.
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