Look atraiu olhares com a falsa Marilyn
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de março de 1988
"O Pecado Mora ao Lado" (The Seven Year Itch), possivelmente a mais famosa comédia que Billy Wilder realizou há 33 anos passados, do bem humorado livro de Georges Axerold, imortalizou a mais conhecida imagem e Marilyn Monroe, ao lado de Tom Ewell, na 5ª avenida de Nova Iorque: o vento provocado pela passagem do Metrô faz com que sua saia se levante. A 20th Century Fox - uma das majors da indústria cinematográfica americana que ainda não se decidiu a entrar no mercado de home vídeo no Brasil, não autorizou nenhuma distribuidora a comercializar este filme. Ao contrário, não só a Fox mas os herdeiros de Marilyn (Norman Jean Baker, 1926-1962) são extremamente exigentes na utilização destas imagens. O cineasta Francisco Ramalho Jr. teve não só que pagar US$ 15 mil dólares para usar menos de 60 segundos desta seqüência em seu nostálgico "Bejame Mucho" (1987), como enviar o roteiro do filme para que advogados da Fox e da família de Marilyn examinassem a forma com que o material seria utilizado na montagem final.
Mas a imagem de Marilyn é fascinante para o público. E assim, uma das mais agressivas distribuidoras paulista, a Look Vídeo, conseguiu fazer de seu stand, na Vídeo Trade Show (Anhembi, 4 a 9 de março), a mais movimentada, com uma atriz-modelo - a loira Patrícia, em duas performances diárias, repetindo a famosa cena do Metrô. Promoveu um concurso para sortear uma mini-fita com esta seqüência que formou filas de candidatos - congestionando, inclusive, o trânsito. A modelo é a mesma do comercial dos amortecedores Monroe, veiculados na televisão sempre que é reprisado um filme em que MM trabalha.
Em termos de marketing promocional, a Look concorreu com a CIC, Warner e Abril Vídeo em termos de atração para o público. A CIC - com o maior e mais bem localizado stand, logo na entrada do pavilhão de eventos, com cenários e parafernália remetendo aos dois maiores sucessos - "Guerra nas Estrelas" e "Os Intocáveis", enquanto a Warner Home Vídeo, implantando-se agora no Brasil, e fazendo os primeiros lançamentos - com um pacote dos mais atraentes em termos comerciais.
O stand da Abril Vídeo também teve grandes atrativos para o público, pois ao lado de vídeos didáticos e esportivos (coleção 4 Rodas), aproveitando a estrutura da editora, (publica a "Playboy" no Brasil) adquiriu a exclusividade dos vídeos mais apimentados produzidos por Hugh Hefner e suas coelhinhas. Começa com três filmes - "Contos Eróticos de Playboy", "O Mundo de Playboy" (60 minutos, incluindo algumas coelhinhas brasileiras que já posaram para a revista) e "As Garotas de Playboy", nas quais dançam, praticam esportes e fazem amor com muito charme.
Algumas distribuidoras fazem do erotismo o seu target de vendas. A VCA, por exemplo, lançou "A Fúria do Desejo" (Passions) - usando assim o mesmo título de um clássico de King Vidor (1895-1982), (no original, "Ruby Gentry"), estrelado por Jenifer Jones (no auge de sua beleza) e Charlton Heston. Mas quem se lembraria daquele semi-western de 1952? Portanto "A Fúria do Desejo" é um pornô assumido, realizado por Alex de Renzy, responsável por tantos filmes do gênero. As duas distribuidoras de vídeos mais eróticos são a OMNYX - que também teve um dos stands mais movimentados é a Hunter, esta com títulos como "Sexpionagem Submarina ("O Negócio é Sexo" e "Tricks"). Curiosamente, a procura de vídeos eróticos - com seqüências de sexo explícito - aumenta cada vez mais, especialmente nas locadoras que funcionam em bairros sofisticados. No Batel, Jardim Social e Jardim Los Angeles, a procura destes vídeos é alta - quase sempre por parte de mulheres na faixa dos 28/45 anos.
LEGENDA FOTO - Patrícia, sósia de Marilyn Monroe, foi a sensação visual do stand da "Look" no vídeo Trade Show, no Anhembi. (Foto Paulo Minoru Ochai)
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