"Luz" venceu Acordes e "Filhos" no Carrefour
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de junho de 1991
Dois grandes festivais realizados no último fim-de-semana (Foz do Iguaçu e Pinhais / Curitiba) serviram como uma amostragem do atual momento da música popular neste final de século.
Na busca de autores / intérpretes da mesma voltagem dos revelados na fase de ouro (1964 / 968) dos grandes festivais (Record, FIC, Excelsior, Tupi, etc.), tanto, em âmbito regional, o Acorde Cataratas, como, nacionalmente, em suas sete etapas, o Carrefour , trouxeram exemplos de como se encontra a criatividade dos que se dedicam a fazer música popular no Brasil.
Aberto a participação de concorrentes de toda América Latina, o Acordes Cataratas embora com um maciça presença gaúcha (reflexo da própria formação das regiões Oeste / Sudoeste) acabou premiando em suas duas primeiras colocações canções de autores urbanos - "Luz", do fluminense Altay Velloso e do carioca Paulo Cesar Feital (1o lugar) e "Avenida São João" dos paulistas Paulo e Jean Garfunkel.
"Canta Viola", autenticamente de raízes interioranas, de Teleu (Watherly Alexandre Figueiredo, paranaense de Jacarezinho, 28 anos) ficou em terceiro lugar.
Já na etapa Curitiba do Festival Carrefour , apenas para classificar duas (entre 12) músicas que irão as semi-finais em julho, as canções escolhidas foram igualmente urbanas, intimistas e profundamente emotivas: "Filhos" dos paulistas Jorge Augusto Morais da Silva e Rosana Nogueira Giosa e "Bastidores", dos curitibanos Gerson Bientinez e Gerson Fisbein.
Ne geléia geral do caldeirão musical brasileiro, nos dois festivais participaram desde estridentes rocks até ritmos característicos do Cone Sul como Chamamé, aire andino, chimarrita, etc.
Nos juris dos dois eventos (dos quais tivemos a satisfação de participar) houve preocupação de valorizar a qualidade de música e letra, independente dos aspectos outros que, num primeiro momento, podem levar a música a um aparente sucesso sem consistência. As opiniões dos juris e públicos - em Foz, no circo armado dentro do parque do Centro de Tradições Gaúchas Charrua (que juntamente com a Prefeitura local promoveu o evento); em Pinhais, no estacionamento do Carrefour - foram referendadas pelo público: aplausos as decisões e poucas vaias. Um clima bem diferente de tantas edições em outros tempos festivalescos, nos quais estabeleciam-se confrontos violentos separando os escolhidos pelo júri da preferência popular. No decorrer desta semana, como maior vagar, vamos registrar em detalhes as músicas, o os intérpretes e detalhes de bastidores destes dois importantes momentos em que se busca fazer com que a música brasileira, tão vilipendiada e prejudicada por um processo de marketing impostos por interesses de indústria cultural multinacional.
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