Login do usuário

Aramis

A Mulher & os Fados

Uma gripe violenta fez que com a cantora Paula Ribas adiasse por uma semana sua temporada em Curitiba (restaurante Mouraria), ocasião em que aproveitará também para catituar seu primeiro Lp - "Fados Brasileiros", incluído no suplemento de junho dos Discos Marcus Pereira, ao lado da coleção "Música Popular do Centro-Oeste/Sudoeste (4 Lps), "Viva o Samba" e o magnífico disco de Cartola - já considerado pela crítica um dos 10 melhores de 1974. Chegando a conclusão de que os brasileiros também saberm fazer Fados, o produtor Marcus Pereira selecionou 12 bonitas canções deste [gênero] - de compositores consagrados - Vinicius de Moraes ("Saudade do Brasil em Portugal"), Chico Alves (1898-1952) ("Saudade Esperança"), Chico Buarque de Holanda ("Fado Tropical", com letra de Rui Guerra), Caetano Velloso ("Argonautas") e Caymmi ("Francisca Santos das Flores") até nomes menos populares junto ao grande público - Marcos Calazans/Cau Pimentel ("Calvário") Walter Marques ("Tremendos Enganos") para um disco de muita beleza e que comprova que realmente tem razão aos historiadores que dizem que o Fado nasceu mesmo no Brasil - tendo sido levado a Portugal "depois de 1840". Cecília Meireles (1901-1964), a grande poetisa, é autora das letras de dois dos melhores Fados gravados por Paula Ribas ("As Mãos Que Trago"), e "Naufrágio", musicadas por Alain Oulman), enquanto outro grande poeta, o pernambucano Carlos Pena Filho (1929-1963) é autor da Letra de "As Dádivas" musicado pelo sambista Eduardo Gudin e de "A Solidão e Sua Porta", onde teve a parceria de Luis N'Gambi. Finalmente do sambista Caco Velho (Matheus Nunes 1920-1971), um fado que ele compôs em parceria com Piratini - "Barco Negro", tremendamente valorizado na voz quente de Paula Ribas. A [propósito] do fado, coube a Mario de Andrade, em seu estudo "As Origens do Fado", reivindicar sua paternidade para o Brasil. Mas tarde, num ensaio sobre o romance "Memórias de Um Sargento de Milícias", o autor voltou ao assunto, dizendo que suas conclusões se estribavam nos próprios musicólogos portugueses que só encontraram o fado em Lisboa "depois de 1840".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
04/07/1974

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br