Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de abril de 1973
Um poema de Carlos Drummond de Andrade ("Viola de Bolso") foi escolhido por Luís Cláudio para a contracapa do seu álbum "castigas" (SMOFB 3745, março-73): Violeiro / mineiro, meu canto / nem forte / nem belo-singelo / recorda / ternuras / passadas / futuras presenças / amadas amigos / imagens / paisagens / - meu canto / um canto / da vida / vivida". Como o poema de Drummond, este novo lp de Luiz Cláudio tem uma terna beleza, caracteristicamente mineira - como Andrade e como o próprio Luís Cláudio. A capa, reproduzindo uma tela de Luís Cláudio - também um pintor primitivo de bom nível - já sugere a ambientação das músicas: suaves, bucólicas, com aquela paz só encontra nas cidades do Interior, no caso das Alterosas. Esté é o exemplo do disco bem produzido, com alma verde-amarela. Um dos executivos da Odeon afastado de esquemas artísticos em termos de consumo (televisão, paradas de sucesso), Luís Cláudio pode realizar um disco seguro, com uma excelente seleção, incluindo a criatividade do próprio intérprete. Assim, Luís Cláudio fez uma adaptação para "Elvira, Escuta", colocou músicas num texto de Guimarães Rosa ("O Galo Cantou na Serra") recolheu temas de domínio público ("A Ti Flor do Céu" "cantigas", "Gavião de Penacho"), escolheu dois dos melhores temas de Antônio Carlos Jobim - "Estrada Branca" (C/ Vinícius) e "Correnteza" (com Luiz Bonfá), além de gravar compositores como João Chaves ("Amo-te Muito", com a participação especial de Luiza), Gonçalvez Crespo ("Mucana"). De sua autoria, em parceria com o jornalista Willian Prado - que esteve na cidade, no último fim de semana, Luiz gravou "Menina das Tranças" Um disco de ótimo nível, merecedor da atenção de quem coleciona a melhor MPB.
Enviar novo comentário