A Continental vem impressionando aos que acompanham o movimento fonográfico pela regularidade de seus lançamentos, tanto no campo nacional, quanto no internacional. Ao lado de um rápido reerguimento de seu elenco nacional, a gravadora paulista também conseguiu excelentes representações internacionais, que fazem assim de seus suplementos mensais os mais ansiosamente aguardados pelo público e crítica. Uma das surpresas mais agradáveis do penúltimo suplemento da Continental (fevereiro/75) foi o magnifico álbum de Margie Joseph ("Sweet Surrender", Atlantic, 3-17-404-003), realmente uma total new-face. Nem o veterano Leonardo Feather, em seus dois volumes do "Jaz Encyclopaedia", nem Charles Eugene Claghorn, em seu fundamental Biographical Dictionary of American Music, fazem a menor referencia a esta cantora de extraordinária vitalidade. Mas a inexistência de dados biográficos, não prejudica a sua extraordinária presença, séria candidata como cantora-revelação deste 1975, em termos brasileiros, pois por certo, nos Estados unidos, já é conhecida. Com arranjos e regência de Arif Mardin, e com amparo de bons instrumentistas e um grupo coral onde se destaca a voz melodiosa de Cissy Houston (que já teve um elepe como solista, editado no Brasil), Margie Joseph apresenta um repertório do alto nível, incluindo uma composição própria, em parceria com seu maestro Arif Mardin: "Ridin'Hight" (faixa 3, lado B), onde tem acompanhamento de Cornell Dupree e David Spinozza nas guitarras, Richard Tee, no órgão e Keyboard, Chick Rainey no baixo, Bernard Purdie na bateria e Norman Pride na percurssão. Estes músicos, com pequenas alterações, a acompanham nas outras faixas: "Com Lay Some Lovin'On Me" (Paulo Kelly), (Strange) ( I Still Love You" (Norman Harris/Mikki Farrow/Jerry Butler), "Come With Me" (Paul Kelly), "Baby I'M a Want You"(David Gates), "Do Know You Is To Love You" (Stevie Wonder), "If I'M Still Around Tomorrow" (Ralph MacDonald / William Salter), "My Love" (Paulo Mc-Cartney / Linda McCartney), "He's Got A Way" (William Joel) e "Sweet Surrender" (David Gates). É lamentável o que acontece com certas gravações pela falta de promoção: as gravadoras, por economia, não as promovem, em conseqüência as lojas não as adquirem e, obviamente, o público não pode encontrá-las, formando-se um círculo vicioso prejudicial a todos. Há discos que chegam a ser retirados de catálogos praticamente 90 dias depois de terem sido lançados, exclusivamente pela falta de divulgação. Por exemplo, uma nova gravadora (Central Park Tapes Produções e Edições Musicais Ltda; Avenida Ipiranga, 1208, conjunto 32, São Paulo), lançou, não sabemos como, um excelente álbum com Nina Simone, 42 anos, uma das melhores cantoras, pianistas e compositoras norte-americanas. Apesar de ter bom apelo comercial, a partir do título ("Nina Simone Sings Billie Holiday-Lady Sings The Blues"), pela motivação em torno do filme "O Ocaso de uma Estrela", cinebiografia da grande Billie Holiday (1915-1959), este disco foi totalmente desperdiçado, já que a nova gravadora não teve possibilidade de montar qualquer esquema promocional. Nina Simone (Eurine Kathleen Wayman, seu nome verdadeiro) está entre as mais sensíveis vocalistas e aqui ela consegue dar um extraordinário rendimento a músicas já conhecidas das gravações da própria Billie: "Tell Me More", "More E Then Some", "This Uear's Kisses", "Strange Fruit", "Fine & Mellow", "Don't Explain", "Just In Time", "Pigfoot And a Bottle Of Beer" e "Love Me Or Leave Me". LEGENDA FOTO 1 - Margie

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Nenhum

Coluna ou Seção: Jornal do Espetáculo

Página: 14

Data: 03/03/1975

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