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Aramis

O mestre Mossurunga no disco das bandas

Com muita oportunidade o colunista Cláudio Manoel da Costa Lembrou a passagem do 10º aniversário da morte do pianista Cláudio Stresser, um dos talentos no Paraná que faleceu precocemente, interrompendo-se assim uma brilhante carreira. Outras perdas ligadas à música paranaense têm passado despercebidas - especialmente por parte dos órgãos oficiais, o que não é surpresa, considerando o << nível >> das pessoas escolhidas para dirigirem (sic) as << assessorias culturais >> (sic) do governo José Richa. Para compensar a comissão da área oficial, existem, felizmente, iniciativas particulares. Bento Mossurunga (Castro, 6/5/1878-Curitiba, 23/10/1970), compositor da maior importância, está tendo agora duas de suas mais belas peças incluídas em gravações primorosas, financeiras por entidades privadas. Um << Minueto >> foi escolhido pelo maestro Norton Morozowicz para o elepê que a Orquestra de Câmara de Blumenau gravou há 60 dias, em São Paulo, com auspício da Companhia Internacional de Seguros e que será distribuído nas próximas semanas. Já em << Banda de Música de Ontem e de Sempre >>, belíssimo álbum produzido por Silas Xavier, através da Federação das Associações Atléticas do banco, está a valsa << Céu de Curitiba >>, momento emocionante da obra de Mossurunga - e que ganha assim sua primeira gravação. Também nos próximos dias o cirurgião dentista Maria Thamaszeck começará a distribuir o álbum duplo << Piano Imortal Luís Thomaszeck>., com sete precisas gravações de seu filho feitas durante recitais realizados em Waszhington e Rio de Janeiro, entre 1969/72. xxx A Federação das Associações Atléticas do Banco do Brasil vem dando continuidade a um excelente projeto de difusão cultural iniciado graças ao bom gosto musical de Karlos Rischbietter, quando presidiu do banco do Brasil no governo Geisel. Ex-violinista e cultor da música erudita, Rischbietter estimulou a produção de álbuns-brindes, com gravações de virtuosas brasileiros, resgatando peças praticamente desconhecidas. As boas sementes lançadas tiveram continuidade graças à sensibilidade dos dirigentes da Federação das Associações do Banco do Brasil e a competência e entusiasmo do mineiro Silas Xavier, há anos radicado em Brasília. Auxíliado por outros pesquisadores entusiastas da música brasileira - como os professores Vicente Salles e Claver Filho e o pernambucano Jairo Severino (há muitos anos radicado no Rio), Silas tem produzido indispensáveis álbuns, procurando sempre repertório inédito ou que pela raridade dos registros originais merecem novas gravações. Há dois anos, houve o álbum duplo << Chorando Calado >> (com choros antológicos(, no ano passado outro álbum duplo, desta vez em homenagem ao grande Noel Rosa (1910-1937). Para 1983, Silas e Jairo Severino escolheram como temática uma homenagem aos mestres-de-banda, obras de 17 autores que se preocuparam em escrever para as bandas - chegando assim á forma mais popular de comunicação musical durante dezenas de anos. Mesmo não tendo sido um mestre-de-banda o castrense Bento Mossurunga teve inúmeras de suas obras popularizadas através de interpretações de bandas militares e civis, justificando-se sua inclusão neste álbum. No Estúdio, em São Paulo, o maestro Luiz Gonzaga Carneiro (Gonzaguinha), arregimentando bons instrumentistas - entre músicos de São Paulo e Brasília - preparou arranjos dos mais fiéis a marcha, dobrados, polcas, quadrilhas, schottisch, maxixes e valsas de autores que praticamente permaneciam desconhecidos do público - e que raríssimas vezes tiveram suas peças gravadas. Com exceção do compositor e maestro Joaquim Antônio Naegele, fluminense de Santa Rita do Rio Negro (hoje Euclidelândia), que aos 84 anos, continua dando aulas de músicas, os demais autores incluídos neste álbum duplo já faleceram. Como cuidados garimpeiros musicais, Silas e Jairo Severino buscaram obras apropriadas ao espírito com que o álbum foi concebido e assim mesmo de autores consagrados como Antônio Salgado Filho (1836-1896) e Ernesto Nazareth (1863-1934) encontraram peças originais. De Karlos Gomes, por exemplo, foi escolhido o << Hino ao Ceará Livre >>, composto em 1884 e de Nazareth é a bela << Marcha Fúnebre >>, de 1927. De Anacleto de Medeiros (1866-1907), conhecido compositor de choros e que foi o organizador da banda do. Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, é o dobrado << Jubileu>.. Antônio Francisco Braga (1868-1945), talvez o mais glorioso produto da banda de música, duas obras: o hino-marcha solene << Brasil >> - que composto em Dresden, Alemanha, em agosto de 1897, teve sua primeira execução no Rio, nos festejos de 15 de novembro de 1898 - e o dobrado 55. << Barão Rio Branco<< , clássico do repertório das grandes bandas, principalmente militares. Pedro da Cruz Salgado (1890-1973) é lembrado também com um dobrado, << Dois Corações >>. O mineiro Francisco José Flores (1860-1926) teve sua << fantasia descretiva >> intitulada << Tormenta >> num arranjo especial. Os outros compositores de músicas de banda incluindo neste preciso álbum documental são Paulino Pinto do Sacramento (1880-1926), Alberto Inácio Pimentel (1874-1929), José Soares Barbosa (-?1876), Antônio Pedro Dantas (1870-1940), Antônio dos Santos Bocó (-?-), Benedito Raimundo Silva (1859-1921), João José da Costa Júnior (1868-1917) e José Agostinho da Fonseca (1886-1945). Enfim, houve uma preocupação de Silas e Jairo em recolher autores de vários Estados, que na maior parte das vezes anonimamente, deixaram uma grande contribuição à música do povo. E embora dois discos sejam insuficientes para documentar o repertório mais expressivo de nossas bandas de músicas, somando o tempo da rotação das quatro faces desta edição da Fenab temos um ótimo programa de retrate. Um álbum-documento que nos remete à imagem de uma época em que havia coretos, praças com muitas árvores e flores, pessoas felizes e tranqüilas. om bastante antecedência a Summus Editorial lançou a mais bem humorada agenda para 1984. Como vem fazendo há 8 anos, a Summus produz anualmente uma agenda-livro intitulada << Um Ano de Bom Humor >>. O projeto dos mais originais tem como autor dos textos o redutor Souza Freitas e ilustrações do cartunista e chargista Nicoliélo, cuja colaborações no ramo vão desde o jornal do PT a revistas alemãs e enciclopédias humoristicas búlgaras. Para os dias bicudos que enfrentamos, só mesmo com uma agenda divertida e bem humorada com esta, vendida a Cr$ 1.300,00. *** Entre 1977 a 1983, << Um Ano de Bom Humor >> trouxe, como << entrada em cena>., em suas edições, as seguintes frases. * Como dizia Sócrates aos seus discípulos: - Será que estou falando grego? * Burocracia é a arte de comer amendoim com faca e garfo * Desgraçados são os pobres, que já nascem em maus lençóis. * Capitalismo selvagem é aquele que quebra a nossa perna e depois nos oferece uma muleta em suaves prestações. * O Brasil não só foi descoberto por acaso como continua existindo do mesmo jeito. FOTO LEGENDA - Banda de Música
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
15/10/1983

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