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Aramis

Os bons rumos da Barca do Sul

Se houvesse boa vontade em relação ao Festival e Curso Internacional de Música realizado em 1974, com direção do maestro Isaac Karabitchevesky, que hoje tantos se preocupam em atacar, por certo haveria necessidade de reconhecer ao menos um bom fruto daquele encontro musical, que foi por sinal que propiciou o surgimento da promoção que estava paralisada há quatro anos: o surgimento do grupo instrumental-vocal, A Barca do Sol. Para nós, particularmente, este conjunto foi a revelação em seu campo no ano passado, apesar de seu disco ter saído nos ultimos dias de dezembro, quando o grupo fez também algumas apresentações no Teatro da Galeria (Flamengo, GB). Agora a Continental está investindo no conjunto, promovendo-o bastante (sua participação no programa Fantástico teve excelente rendimento) e foi uma feliz iniciativa da Fundação Cultural em colaboração com a Continental trazer o conjunto para abrir a temporada de 75 no Paiol (2 a 5 de fevereiro). Realmente será uma chance do público curitibano conhecer este conjunto de jovens de 14 a 25 anos que se formou justamente em Curitiba, há um ano. Atraidos para estudar com Egberto Gismonti, um dos três mais importantes criadores da música brasileira contemporanea Nando Carneiro (violão vocal, irmão de Geraldinho, letrista de Egberto), Muri Costa (violão-viola-vocal), Jorginho Morelenbaum (violoncelo, violino e vocal), Marcos Stul (baixo acústico e elétrico), (Marcelo Costa percussão) Beto Rezende (percussão, viola, violão, guitarra), e Marcelo Bernardes (flauta) passaram todo o ano de 1974 estudando seriamente para finalmente aparecerem com um disco da maior seriedade (Continental 1-01-404-092 dezembro/74. A seriedade do trabalho do grupo e a segura direção de Egberto Gismonti, também produtor do lp, fez com que a A Barca do Sol fosse recebido com entusiasmo pelos críticos mais respeitáveis. Por exemplo Maurício Kubrusly (Jornal da Tarde, 11/1/75) disse: "Atenção, atenção! Existe nas lojas um disco de um novo conjunto brasileiro que oferece uma raridade, ou seja músicos. Não se trata apenas da união de alguns jovens que aprenderam as primeiras posições no violão, poucos truques na guitarra e se põe a gritar bobagens em nossos ouvidos. Também não é somente mais um grupo a pesquisar raízes ou praticar qualquer subproduto da pop-rock que domina o mundo inteiro. Já Ana Maria Bahia, em Opinião (13/12/74) iniciou seu entusiasmo comentário dizendo: "Esta Barca do Sol já aportou de maneira diferente nos mares da música popular: veio guiada pela mão segura do compositor e maestro Egberto Gismonti (...) veio igualmente nutrida pelos exemplos próximos de Milton Nascimento e do poeta e letrista Geraldo Carneiro". O resultado é um disco importante, mas que como acentuou Kubrusly não se destina a acompanhar conversas ou disfarçar o barulho dos talheres. Quem gosta de Egberto Gismonti, certamente ouvirá com paciencia e atenção. Um disco com músicas do próprio grupo, que dá uma dimensão segura e sincera a um trabalho de muita personalidade, e no qual deveriam se espalhar tantas centenas de cabeludos que se dizem músicos sem terem a menor (in) formação. Todas as faixas são interessantes, embora "Lady Jane" seja a que encontre maior comunicabilidade. Outras faixas: "A primeira batalha", "Brilho da noite", "Arremesso", "As boas consciencias", "Caminhão", "Dragão da Bondade", "Alaska" (onde se ouve Egberto no sintetizador) "Fantasmas da Ópera", "Corsário Satã" e a música que dá título ao grupo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
13
31/01/1975
É uma delícia poder rever o que a mídia falava a respeito da Barca do Sol. Naquela época quem quisesse estar bem informado precisava garimpar e ter sorte para encontrar algo sobre o grupo. Assisti muitos shows deste maravilhoso grupo e ainda ouço as músicas do LP Pirata pois me trazem ótimas recordações.

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