Os sons de Tião & Maurício
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de julho de 1984
Em muita boa hora o produtor Mazolla, da Barclay /Ariola, decidiu prestigiar os instrumentistas brasileiros. O êxito de "Todas as Teclas", que em 1983 uniu os virtuoses Cesar Camargo Mariano/Wagner Tiso, estimulou a criação da série "Todos os Sons", que já tem cinco outros encontros memoráveis de instrumentistas registrados em discos.
O saxofonista/flautista Nivaldo Oenelas e o tecladista Marcos Rezende - que ainda hoje a noite se apresentam no Paiol - fizeram "Som & Fantasia", seguramente um dos mais bonitos álbuns do ano. A homenagem que o pianista Radamés Gnatalli e o violinista Rafael Rebello prestaram a Garoto (Anibal Augusto Sardinha , 1915-1955), originalmente editada em lp da Funarte, e relançada agora na série - que traz também discos de Sivuca, Dijalma Corrêa e, o há muito aguardando encontro de Maurício Einhonn (harmônica de boca) e Sebastião Tapajós (violão acústico), com a participação especial do baixista Arismar do Espirito Santo.
Um disco de jaz com linguagem brasileira. Aquela música tão agradável que Sebastião e Maurício sabem fazer e que por várias vezes tem apresentado ao vivo em Curitiba. No lado A, são cinco temas - dos quais apenas um não é inédito: a emocionante "Luá, Joá", só de Titão. As quatros outras, parcerias, são o "Tema pro Barney Kessel", Alma Nomade", "Ary, Olha!" (o titulo é um trocadilho de Maurício sobre o técnico de gravação Ary Crvalhaes e a Ariola), e "Romântica ". Mas o trabalho de fôlego está no lado B, com a "Suite Para Detinha". Apaixonado, perfeito - belo como é todo este disco que mostra a maturidade de dois virtuoses de seus instrumentos.
Enviar novo comentário