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Aramis

Padre Emir e a má propaganda

O polemico padre Emir Kalluf, sem duvida o sacerdote mais controvertido da cidade por suas posições radicais que, naturalmente, provocam muitas discussões, abriu uma nova frente de luta. Em entrevistas ao semanário "Direta" que circulou ontem, o religioso confirmou suas críticas a publicidade que, em seu entender atua como "uma quase coação no sentido de forçar uma pessoa a comprar o que não precisa". Classificado pelo editor Luiz Renato Ribas como "um homem nada prático falando de um assunto que, com certeza, conhece muito pouco" o padre Emir diz, entre outras coisas, o seguinte: "A Publicidade cria necessidades para depois explorar o chamado público consumidor. A propaganda pode ser desumana e mentirosa. Desumana quando não vê na pessoa um ser humano, mas sim um consumidor. E mentirosa quando associa com pessoas humanas situações onde o produto não é indispensável, mas é lançado de forma [a] envolver e levar o público consumidor a comprá-lo. A pessoa é dirigida a pensar que, se não usar este ou aquele produto não está certo". O padre Emir diz quando decidiu investir contra a propaganda: "Minha opinião surgiu nos meus momentos de crise, quando falo de amor, esperança, caridade, renúncia, e as pessoas mostram-se transformadas em máquinas que fazem e compra o que a propaganda sugere. "Na comparação entre a propaganda e a Censura diz o polêmico sacerdote: "As duas podem ser benéficas e nocivas. A propaganda é benéfica quando preenche os seguintes requisitos: 1) uma meta definida onde está o bem estar do homem em primeiro lugar;2) mostrar o que realmente é bom para o homem; 3) apresentar tudo isto de forma honesta. E a censura quando aplicada de maneira repressiva é nociva, eu não aprovo. "Mais adiante o padre Kalluf que há 2 anos, quando da morte da atriz Leila Diniz escreveu violento artigo chamando a artista de prostituta - defende a censura como necessária quando dirigida a defender a nova geração contra os excessos", detalhando: "é o caso do chamado cinema novo dentro do cinema Nacional: meia dúzia de pessoas sem o menor senso moral, ético e até artístico, montam um filme que, só porque é colorido, tem boa música, é aceito pela juventude. Neste caso a censura é indispensável, porque o jovem nem sabe o que está vendo e aceitando. "Ingenuidade" foi o termo que o padre Emir encontrou para explicar porque a Igreja se utiliza do trabalho publicitário para ganhar novos leitores da Bíblia, promover a Campanha da Fraternidade ou ainda para convocar jovens ao sacerdócio.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
07/09/1974

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