Psiquiatria /Psicologia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1975
Aumenta cada vez mais a bibliografia cientifica ou semicientifica colocada à disposição do público interessado em certas matérias que até há pouco não podia ter acesso pela falta de livros em português. Um exemplo são os livros sobre Psicologia/Psiquiatria que as grandes editoras estão lançando regularmente. A Nova Fronteira, que sempre caracterizou-se pela seriedade na escolha de seus títulos inclusive os best-sellers, criou a coleção Experiência e Psicologia, seriamente dirigida pelo professor Otávio de Freitas Júnior titular de Psicologia da Faculdade de Medicina de Petrópolis e professor adjunto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesta nova coleção temos dois livros - ambos traduzidos por Carlos Lacerda, um dos diretores da Nova Fronteira, dignos de maior atenção. O primeiro é "Eu sou um esquizofrênico", narrativa poética da esquizofrenia pelo próprio doente. A autenticidade do relato traz a garantia de um dos maiores psiquiatras da Europa, o Dr. Lucien Bonnafé, dos hospitais de Paris. Em volume anterior desta coleção a Nova Fronteira já havia publicado o relato da penosa paciente cura de uma esquizofrênica por uma psicoterapeuta suíça, a Sra. Séche Seche-haye. Desse relato (Diário de uma esquizofrênica) edição Nova Fronteira, Rio 73) foi extraído um filme de grande êxito. Este novo relato que mereceu o prêmio Albert Schweitzer - está fadado a repercussão pelo menos idêntica. Desta vez é o próprio doente que, ao conseguir equilibrar sua doença, ao conviver com a esquizofrenia vem nos contar o que sentia - esse mistério esse enigma que é o comportamento do doente mental perante os que se consideram sãos.
O segundo e importante lançamento da Nova Fronteira nesta coleção é "Superstições da Psicanálise" de Pierre Debray-Ritzen, com prefácio de Arthur Koestler e em tradução de Carlos Lacerda e Maria Thereza Correia de Mello. Debray-Ritzen conhecido na literatura de ficção por Quintin Ritzen, nasceu em Paris, em 1922 professor-adjunto da Faculdade de Medicina de Paris, médico, dedica-se aos problemas vinculados a neuropsicologia, disciplina na qual se especializou e ganhou renome internacional. É o diretor do Serviço de Neuropsicologia do hospital Infantil de Paris. Em "Superstições da Psicanálise" Debray-Ritzen é o cientista puro: não se coloca nem no plano ideológico nem no plano ético. Seu único propósito e o rigor metodológico. Isto quer dizer que o tom da obra não é polêmico ao contrário e lógico. E isso sem prejuízo da severidade da crítica. Uma contestação a psicanálise com base num dos argumentos críticos mais sólidos e bem estruturados que já se formulou neste domínio.
Já a Zahar, em sua também respeitável coleção Psyche, faz a segunda edição de "Psicologia e Dilema Humano" de Rollo May, em tradução de Álvaro Cabral, obra recomendada aos quantos queiram obter uma visão lúcida e profunda dos caminhos seguidos pelo pensamento humanista no campo da investigação psicológica. Finalmente, pela Fundação Getúlio Vargas, temos o maçudo "A Pesquisa na Psicologia Social", de Leon Festinger e Daniel Katz, didática condensação de nível introdutório a respeito da investigação empírica em psicologia social. Tradução de Gastão Jacinto Gomes. Os autores são professores do Departamento de Psicologia da Universidade de Minnesota, USA.
Enviar novo comentário