Sincronismo cromático
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de agosto de 1988
Para quem assistiu a apresentação de Beriozka há cinco anos passados, no mesmo auditório, sem dúvida que esta nova temporada do mais famoso conjunto coreográfico estatal de Moscou traz uma linha que se poderia classificar de mais soft. Há uma suavidade nas coreografias e na música ao vivo, com uma afinada orquestra - e mesmo conservando alguns aspectos circenses (como o urso no último número), o espetáculo nesta temporada iniciada no Brasil por Curitiba, na última quarta-feira. E com apresentações ainda hoje e amanhã, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, ingressos entre Cz$ 5 a Cz$ 3 mil) elimina os cansativos números de dança cossaca - que mais parecem demonstrações de virtudes atléticas dos loiros bailarinos do que a arte da dança.
Com uma tradição de 40 anos. o ballet folclórico fundado por Nadejda Nadiejina (1808-1979) impressiona pelo colorido e, sobretudo, sincronia dos dançarinos. Suavemente, as dezenas de bailarianas deslizam no palco, como se estivessem de patim, formando figuras e imagens que lembram as imortais cirações que Busby Burkeley (1895-1976), o grande coreógrado da Broadway e, posteriormente em Hollywood, levou para os filmes musicais a partir dos anos 30. Só que em preto e branco, mas com criações tão belas que permanecem na retina de quem assistiu seues filmes realizados há meio século.
Não é preciso ser especialista em dança para ver no espetáculo do Beriozka um novo tratamento de temas folclóricos - diverso de outros espetáculos de dança, de países do leste europeu que tem vindo a Curitiba. Para o grande público, a cincronia de cores, movimentos e imagens e a movimentação ao longo de 15 diferentes bailados faz do espetáculo que está no Teatro Guaíra um programa fascinante. Tanto é que apesar do ingresso de Cz$ 5 mil para a platéia, na noite de estréia, ninguém reclamou ao final. Ao contrário, aplausos como se fosse possível ser dado um bis.
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