Um filme confuso
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de março de 1977
A engrenagem comercial do cinema tem aspectos surpreendentes: um filme como "O Dia dos Loucos" (Cinema 1, até amanhã em cartaz) talvez nunca chegasse a merecer uma semana em cartaz se não fosse o fato de dois de seus intérpretes terem sido premiados com os Oscars por atuações em outras produções, feitas posteriormente - e a sua temática não sugerisse (inexistentes na verdade) publicitárias aproximações a "Um Estranho no Ninho", o melhor filme de 76 - tanto segundo a crítica como a bilheteria. "The King of Marvin Gardens" baseado em confuso roteiro de Jacob Brackman, é um filme desigual, linguagem fragmentária, cujas longas elipses e cansativos monólogos, acabam irritando mesmo aos espectadores mais indulgentes. Rodado em outubro de 1973, este filme de Bob Rafelseon ("Os Monkees Estão Chegando", "Cada Um Vive como Quer") passou desapercebido nos EUA. Mas com a premiação de Ellen Busteyn (melhor atriz por "Alice Não Mora Mais Aqui" de Martin Scorcese, em 1974) e Jack Nicholson ("Um Estranho no Ninho, de Milos Forman, 1975) e mais a presença no elenco do ator negro Benjamin "Scatman" Crothers, que também fez "Um Estranho no Ninho" e de Bruce Dearn (conhecido após "Trama" (Familiar" de Hitchcook), Paris Filmes achou que seria uma bom negócio distribuir o filme ao Brasil. E acabou comprando os direitos de exploração do filme da Columbia Pictures que prevendo as baixas rendas não se opôs. Embora, aparentemente, "O Dia dos Loucos" atraia uma faixa de público, esperançoso em ver um filme fascinante, a frustração é grande. Além do hermetismo da fragmentada história, a cópia revelada em laboratório carioca e tão defeituosa que compromete até o nome do laboratório carioca é tão defeituosa que compromete até o nome do admirado Lazlo Kovacs, afinal um eficiente diretor de fotografias. E o que se vê são imagens borradas e descoloridas.
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