Zezinho roteiriza Ulen e refaz seu primeiro filme
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de abril de 1987
Enquanto seu pai embrenhava-se em arquivos, coleções de jornais e busca de depoimentos orais para escrever o livro resgatando a controvertida figura de Harry Berger, um dos mais importantes personagens da Intentona Comunista, em 1935 - José Joffily Filho - o Zezinho, um dos mais queridos cineastas da nova geração, passou os últimos meses na remontagem de seu primeiro longa-metragem, agora, finalmente, com título e edição definitiva - "Urubus E Papagaios", em condições de ser inscrito para o XV Festival de Cinema Brasileiro de Gramado.
Após "Urubus E Papagaios", Joffily Filho tem um projeto que vem acariciando há muitos anos: filmar "Morte Na Ulen Company", romance histórico que seu pai publicou em 1983 (Record, 210 páginas), e que reconstitui um episódio violento ocorrido em São Luís, no Maranhão.
Por trás de um crime - quando José de Ribamar Mendonça assassinou, no dia 1º de outubro de 1933, o americano John Kennedy, contador da Ulen Management Company, está toda uma teia de intrigas e que mostra a força de uma multinacional no Nordeste nos anos 30.
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Como sempre faz, José Joffily mata a cobra e mostra o pau. E quase metade de "Morte Na Ulen Company", foi ocupada com documentos para mostrar as implicações políticas internacionais, especialmente as pressões da Embaixada Americana, em relação a ação que um maranhense teve, ao sentir-se prejudicado por um executivo americano, assassinando-o em seu escritório.
Toda a história - com os aspectos políticos e amorosos da história (Mendonça estava noivo por ocasião do crime) oferece elementos para um filme excelente e não é sem razão que Zezinho, um ótimo roteirista (função que já desenvolveu em oito longa-metragens), desde 1983 vem trabalhando na adaptação do livro de seu pai para a linguagem cinematográfica. Se tudo der certo, "Morte Na Ulen Company" deve se transformar em filme ainda neste ano.
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Com a experiência de muitos curta-metragens, documentários, filmes publicitários, José Joffily Filho chegou a direção de seu primeiro filme de ficção a convite do produtor Joaquim Vaz Carvalho. O conto "Dona Anja" do gaúcho Josué Guimarães, foi filmado entre março/abril de 1985 em Bananal, interior do Rio de Janeiro, mas a primeira montagem resultou insatisfatória. Divergências entre o produtor Carvalho e o diretor Joffily retardaram a exibição do filme, até que, reunindo suas economias, o diretor conseguiu comprar a parte de Vaz, associar-se a Embrafilmes, saldar as dívidas e finalmente, refazer o filme como desejava.
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Originalmente intitulado "Um Dia, Virgínia", e posteriormente chamado "Impávido Colosso", o filme tem agora o seu título definitivo: "Urubus E Papagaios". No elenco estão Dora Pelegrino, Maria Alice Vergueiro, Louise Cardoso, Nelson Dantas, Cláudia Gimenez, Felipe Camargo e o curitibano Ariel Coelho. A trilha originalmente composta pelo mineiro Tavinho Moura também foi substituída por uma nova partitura, esta de Hugo Marota.
Preparando um material especial de lançamento - trailler, cartazes, releases e já com data para estrear no Rio de Janeiro - (primeira semana de maio) - Joffily inscreveu, por insistência de amigos, o seu filme para o XV Festival de Cinema Brasileiro de Gramado. A comissão de seleção vem se reunindo desde a última quinta-feira, 2, para selecionar dez entre os 15 longa-metragens inscritos - entre os quais filmes da maior qualidade. Na área dos curta-metragens, então, a disputa é ainda mais difícil: são 75 concorrentes e apenas 10 vagas - o que mostra o interesse que o mais importante festival do cinema brasileiro desperta nacionalmente, graças a competência com que esta mostra é realizada. Até a próxima quarta-feira, na Cinemateca Paulo Amorim, em Porto Alegre, o vice-prefeito de Gramado, Eloir A. Zorzanello, presidente da comissão executiva do Festival, anunciará os filmes que estarão em disputa a partir do dia 27 deste mês na paradisíaca cidade gaúcha.
LEGENDA FOTO - José Joffily Filho, ao lado de seu assistente Bruno Wainer.
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