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Aramis

A Chave do projeto

Assessorados por um técnico de marketing (Osmar Jardim) e com a infra-estrutura de uma agência de propaganda (P.A.Z.), grupo musical A Chave, após ter paralisado suas atividades durante um semestre, acaba de fazer um trabalho inédito no Brasil: um completo estudo de mercado para a música jovem, com o que baseia uma proposta apresentada em bem impresso folheto de 16 páginas. Existindo desde 1969, quando foi lançado em programa de televisão produzido por Valencio Xavier, a Chave se destacou nos últimos cinco anos como um grupo instrumental-vocal criativo, aparentemente rebelde e contestatório, mas se destacando no desértico campo musical do Paraná. Ao longo de 52 meses fez 247 apresentações, das quais 155 em Curitiba, 54 no Interior do Paraná, 37 em Santa Catarina e uma no Rio Grande do Sul, aplaudida por 140.555 espectadores e faturando um total de apenas Cr$ 178.441,37, ou seja, uma média mensal quase insignificante: Cr$ 3.431,66. Após tantas viagens e apresentações, o equipamento dos rapazes não apresenta mais condições de utilização, de forma que há mais de um ano vem tentando conseguir recursos para adquirir novos [instrumentais] (2 guitarras, um contrabaixo, um sintetizador e uma bateria), além de amplificadores e acessórios, necessários [à] elétrica música que produzem - o que está orçado em Cr$ 150 mil. Como nenhum de seus integrantes - Carlos Augusto Gaertner (26 anos), Orlando Azevedo (25 anos), Paulo José Teixeira de Oliveira (25 anos) e Ivo Rodrigues Junior (25 anos) - dispõe de condições para obter tal financiamento, a Chave propõe a quem se interessar possa um negócio honesto: realizarão um roteiro de seis meses pelo sul do Brasil, executando espetáculos com músicas próprias, a [cinqüenta mil espectadores em 58 cidades. Cobrando dez cruzeiros por ingresso em cada espetáculo, o conjunto obterá a renda de Cr$ 150 mil, a turnê apresentará a renda de Cr$ 350 mil. O conjunto A Chave pagará a aquisição do instrumental estimado em Cr$ 150 mil e oferece ao financiador ou avalista do projeto um lucro líquido de Cr$ 200 mil. Ao longo das 16 páginas do projeto, repleto de números e dados específicos do que fez A Chave nos últimos 5 anos, é detalhado o plano. Dois exemplos são lembrados para provar que música jovem (pop) fatura bastante: o cantor Alice Cooper levantou Cr$ 4 milhões no Brasil em apenas 4 apresentações. Exibindo-se no Maracanãzinho, o extinto Sexos & Molhados (que em 21/22 de dezembro/73, aqui esteve empresado pela Chave), em show transmitido para o "Fantástico" (Rede Globo) reuniu 20 mil pessoas, que pagando Cr$ 25,00 cada uma, deu ao conjunto a renda de Cr$ 500 mil (em Curitiba, no espetáculo "X Horas do Rock", no ginásio do Círculo Militar, os Secos & Molhados faturaram Cr$ 67.875,00. A Chave está aí para abrir as portas do elétrico roteiro pop. Só falta alguém que financie a sua ligação com a tomada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
27/09/1974

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