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No Carrefour, faltou torcida para "Bastidores" dos Gersons

Na semana passada, o engenheiro e animador cultural Sérgio Bittencourt, dono do bar Habbeas Coppus, gastou Cr$ 150 mil em dois anúncios, conclamando amigos e admiradores dos compositores Sérgio Bertinez, 43 anos, e Gerson Fisbein, 34, a se integrarem numa caravana que, em São Paulo, formaria uma torcida organizada pela participação do Paraná no maior festival de música popular realizada nos últimos anos do Brasil - o MPB Carrefour. Decepcionado, Serginho não teve um único retorno. Absolutamente ninguém se interessou em procurá-lo para saber da excursão a capital paulista, no domingo, que, no mínimo, seria um atraente programa para um grupo de gente animada. Bittencourt iria solicitar diretamente ao prefeito Jaime Lerner a cessão de um ônibus para levar o pessoal, o que reduziria ao mínimo as despesas da viagem. Lerner, que conhece a obra musical dos dois Gersons bons caráteres, por certo teria determinado que o pedido fosse atendido, inclusive porque até hoje diz lamentar a injusta demissão que a diretoria da Fucucu fez em relação a Gerson Bertinez, há um ano, afastado sem qualquer razão maior, da coordenação do Teatro do Paiol, na qual vinha desenvolvendo um excelente trabalho (aliás, Lerner prometeu que Gerson seria recontratado para um projeto especial de levar música aos bairros, mas esta - como muitas outras de suas promessas - ainda não foi cumprida). O fato é que desde o final dos anos 60 - quando Paulo Vitola e Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis (1943-1978) tiveram o seu belíssimo "Dia de Alecrim" classificado para o Festival O Brasil Canta no Rio, nenhum outro compositor de Curitiba chegou a finalíssima de um festival de dimensão nacional (Arrigo Barnabé, nascido em Londrina, e que esteve em duas das três edições do MPB-Shell, fez sua carreira em São Paulo, onde reside há 12 anos). Portanto, só pelo fato de "Bastidores", a belíssima canção dos Gersons curitibanos, ter sido selecionada na semifinal realizada no estacionamento do Carrefour, em Pinhais, em 9 de junho - e ter sido aprovada entre as dez finalistas nacionais, na pré-final que ocorreu em São Paulo, há um mês, confirmou o valor desta belíssima música que fala do papel do artista perante o público, a relação de troca que existe entre este e a platéia. Mesmo tendo sido a primeira das concorrentes a ser apresentada tanto na pré-final como no último domingo, no ginásio do Ibirapuera (o que sempre prejudica a interpretação) "Bastidores" teve uma magnífica performance graças a cantora Gisela, 30 anos - que há 16 anos participa da vida musical de nossa cidade. O maestro Marinho Boffa, dirigente da Banda Carrefour, fez questão de preparar um bom arranjo - o que se pode ouvir no elepê com as dez finalistas (já a venda nas lojas Carrefour) e o Paraná teve uma digna representante. Faltou, entretanto, a torcida para estimular sua apresentação no festival que premiou as composições "Brabuleta" (Marcos Flexa/Paulo Azevedo, São José dos Campos, SP); "Tamarera" (Marku Ribas/José Edward) e "Eládio" (Sérgio Moreira), estas duas de Minas Gerais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
15/08/1991

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