"Ano Velho" na tela será bem diferente
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de março de 1985
A temporada de "Feliz Ano Velho" em Curitiba, encerrada domingo, confirmou o que se repetiu em São Paulo, Rio e Porto Alegre: a incrível empatia desta peça com as platéias jovens. A narrativa do jovem Marcelo Rubens Paiva, que em livro já vendeu mais de 20 mil exemplares (40 edições pela Brasiliense), obteve nesta adaptação ao teatro uma comunicação ainda maior - graças a inteligente tratamento de Alcides Nogueira e a direção dinâmica de Paulo Betti. Isto sem falar no esplêndido elenco que com Marcos Frota e Denise Del Vecchio à frente vem colecionando elogios e premiações.
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Apesar da identificação real do espetáculo e os elogios com que a peça tem obtido nesta carreira de mais de dois anos de sucesso, e uma triste informação: sua adaptação ao cinema, a ser feita por um diretor estreante - Robert Gervitz, de São Paulo - não usará nenhum dos atores e atrizes do grupo Pessoal do Victor e o roteiro modificou radicalmente a história. Os personagens foram mudados, a própria Eunice Paiva - viúva do deputado Rubens Paiva, sequestrado, torturado e assassinado pela repressão militar em janeiro de 1971 - perderá sua identidade. E com isto, a princípio, fica-se a indagar qual será o resultado final desta mudança tão radical num testemunho humano, sincero - e por isto mesmo comovente como é o livro de Marcelo Paiva. Que, entretanto, como autor, autorizou as mudanças em seu texto.
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"Feliz Ano Velho" foi um dos 10 projetos de cineastas paulistas que obtiveram aprovação da Embrafilme e da atuante Secretaria da Cultura de São Paulo para serem realizadas ainda neste semestre. No concurso preliminar para seleção de roteiros, o trabalho de Sérgio Segall, publicitário e cineasta paulista, há anos radicado em Curitiba (aqui dirige a Denebe, do grupo Nasser) havia sido selecionada. Mas na segunda peneirada, ficou de fora. Dos projetos escolhidos, dois terão prioridade na contratação, por serem considerados "mais rapidamente realizáveis": "Brasa Adormecida", de Djalma Langoni Batista (que estreou no lírico "Asa Branca, Um Sonho Brasileiro", 1981) e "Feliz Ano Velho", de Roberto Gervitz.
Entre os demais projetos aprovados na categoria de realizadores estreantes estão "Anjos da Noite", de Wilson Barros, descrevendo uma fantasia que envolve e analisa personagens típicos da noite paulistana e "A História de Vera", de Sérgio Toledo. Os outros projetos aprovados foram "Real Desejo", de Augusto Sevá (diretor de "A Caminho das Índias", inédito em Curitiba; "SP-Zero" de Chico Botelho (cujo longa de estréia, "Janete", teve seqüências rodadas em Piraquara); "Fronteira Oeste" de Hermano Penna (diretor do premiado "Sargento Getúlio"); "Minguilim" de Roberto Santos (baseado no conto de Guimarães Rosa); "As Belas do Billings", antigo projeto de Ozualdo Candeias e "O País dos Tenentes", de João Batista de Andrade.
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